ATA DA SEXAGÉSIMA OITAVA
SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA
LEGISLATURA, EM 04-9-2006.
Aos quatro dias do mês de setembro do ano de dois
mil e seis, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas, foi realizada a chamada,
respondida pelos Vereadores Bernardino Vendruscolo, Carlos
Comassetto, Carlos Todeschini, Claudio Sebenelo, DJ Cassiá Gomes, Elias Vidal,
Ervino Besson, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Margarete
Moraes, Mônica Leal e Professor Garcia. Constatada a existência de quórum, o Senhor
Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram
os Vereadores Alceu Brasinha, Aldacir Oliboni, Clênia
Maranhão, Elói Guimarães, João Bosco Vaz, Manuela d'Ávila, Maria Celeste, Mario
Fraga, Maristela Maffei, Nereu D'Avila, Neuza Canabarro, Paulo Odone, Sofia Cavedon
e Valdir Caetano. À
MESA foram encaminhados: pelo Vereador Adeli Sell, os Pedidos de Providência nos
1705 e 1706/06 (Processo nos 4497 e 4499/06, respectivamente);
pelo Vereador Alceu Brasinha, o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
023/06 (Processo nº 4412/06); pelo Vereador Aldacir Oliboni, os Pedidos de
Providência nos 1685, 1686, 1687 e 1688/06 (Processos nos
4463, 4464, 4468 e 4469/06, respectivamente); pelo Vereador Bernardino
Vendruscolo, os Pedidos de Providência nos 1680, 1681 e 1691/06
(Processos nos 4443, 4444 e 4472/06, respectivamente); pelo Vereador
Carlos Comassetto, os Pedidos de Providência nos 1682 e 1711/06
(Processos nos 4460 e 4504/06, respectivamente); pelo Vereador Cassiá
Carpes, os Pedidos de Providência nos 1673, 1674, 1675, 1707, 1708 e
1709/06 (Processos nos 4436, 4437, 4438, 4500, 4501 e 4502/06,
respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, o Pedido de Providência nº
1683/06 (Processo nº 4461/06) e a Indicação nº 044/06 (Processo nº 4531/06);
pela Vereadora Maria Celeste, os Pedidos de Providência nos 1678,
1679, 1689 e 1690/06 (Processos nos 4441, 4442, 4470 e 4471/06);
pela Vereadora Maristela Meneghetti, os Pedidos de Providência nos
1671 e 1672/06 (Processos nos 4434 e 4435/06, respectivamente); pela
Vereadora Neuza Canabarro, os Pedidos de Providências nos 1676 e
1677/06 (Processos nos 4439 e 4440/06); pelo Vereador Professor
Garcia, os Pedidos de Providência nos 1692, 1693, 1694, 1695, 1696,
1697, 1698, 1699, 1700, 1701, 1702, 1703 e 1704/06 (Processos nos
4474, 4476, 4478, 4482, 4486, 4487, 4488, 4489, 4490, 4491, 4492, 4493 e
4494/06, respectivamente), o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº
024/06 (Processo nº 4350/06) e o Projeto de Resolução nº 089/06 (Processo nº
4287/06); pelo Vereador Sebastião Melo, os Pedidos de Providência nos
1684 e 1710/06 (Processos nos 4462 e 4503/06, respectivamente). Do EXPEDIENTE,
constaram: Ofícios nos 758, 772, 773 e 774/06, do Senhor Prefeito Municipal
de Porto Alegre; Comunicados nos 106282 e 121446/06, do Senhor Daniel
Silva Balaban, Presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação –
FNDE. Na ocasião, em face da inexistência de quórum deliberativo, deixou de ser
votada a Ata da Sexagésima Quinta Sessão Ordinária. Na oportunidade, o Senhor
Presidente registrou o transcurso do aniversário da Vereadora Mônica Leal,
ocorrido no dia primeiro de outubro, procedendo à entrega, em nome da Mesa
Diretora, de um cartão de felicitações a Sua Excelência. A seguir, constatada a
existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado
pelo Vereador João Antonio Dib, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da
presente Sessão, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a
assinalar o transcurso do sexagésimo aniversário do Programa Hora Israelita,
nos termos do Requerimento nº 093/06 (Processo nº 3124/06), de autoria do
Vereador Dr. Goulart. Compuseram a Mesa: o Vereador Luiz Braz, Presidente em
exercício da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Jacob Halperin, Diretor
do Programa Hora Israelita; o Senhor Alexandre Saltez, representando o
Procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; o Senhor Abrahão
Finkelstein, Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul. Em
COMUNICAÇÕES, a Vereadora Mônica Leal discorreu sobre o significado, para o
povo judaico, do culto às tradições, salientando que a preservação dos costumes
e da religião tem se mostrado fundamental para a união e o fortalecimento dessa
comunidade. Nesse sentido, saudou o transcurso dos sessenta anos do Programa
Hora Israelita, analisando o papel do rádio como instrumento de comunicação de
grande influência na formação cultural e social do indivíduo. O Vereador
Claudio Sebenelo, registrando sua solidariedade ao povo judaico, mencionou
perseguições étnicas e ataques terroristas vivenciados pelos judeus ao longo de
sua história, declarando considerar essa comunidade um exemplo de valorização
da paz entre os seres humanos e de incentivo à manutenção das tradições e da
cultura. Finalizando, atentou para a contribuição dada por esse povo ao crescimento
socioeconômico do Rio Grande do Sul. O Vereador Ibsen Pinheiro, asseverando que
o alcance social do rádio na atualidade exige uma avaliação criteriosa quanto
ao material divulgado por esse meio de comunicação, elogiou a equipe responsável
pela linha ideológica e conteúdo seguidos pelo Programa Hora Israelita. Ainda,
aludiu aos conflitos bélicos observados no Oriente Médio, envolvendo o Estado
de Israel, frisando a necessidade da análise histórica aprofundada quanto às
causas das agressões sofridas pelo povo judeu. O Vereador Elói Guimarães
afirmou ser este um momento de reflexão acerca da história judaica, bem como de
conscientização quanto à necessidade de constante vigilância para que a
humanidade não repita quadros de flagelo e discriminação étnica como os vividos
por esse povo. Da mesma forma, ressaltou que a forte ligação entre o Programa
Hora Israelita e seu público ouvinte transforma esse Programa em instrumento de
difusão da cultura e defesa da paz e da solidariedade. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Jacob Halperin, que agradeceu o registro
hoje efetuado pela Câmara Municipal de Porto Alegre, relativamente ao
transcurso do sexagésimo aniversário do Programa Hora Israelita. Às quinze
horas, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze
horas e seis minutos, constatada a existência de quórum. Em GRANDE EXPEDIENTE,
o Vereador Ibsen Pinheiro defendeu maior empenho dos Partidos na fiscalização e
controle das campanhas políticas, enfatizando a necessidade de discussão da
legislação eleitoral, por considerá-la demasiadamente restritiva. Ainda,
afirmou que essa legislação, somada a denúncias recentes de irregularidades
envolvendo o Poder Executivo e o Congresso Nacional, estaria causando um
sentimento popular de desinteresse pelas eleições. O Vereador Bernardino
Vendruscolo expressou sua preocupação com a influência exercida pela
programação televisiva sobre as pessoas, principalmente em horários acessíveis
a crianças e adolescentes. Nesse sentido, citou como exemplo as novelas e o
conteúdo da propaganda eleitoral gratuita, debatendo a necessidade de maior
conscientização política da população e afirmando que a omissão do público
também é responsável pela qualidade do que é veiculado nos meios de
comunicação. Em PAUTA ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram: em 5ª Sessão,
os Projetos de Lei do Executivo nos 031 e 032/06, discutidos pelos
Vereadores Carlos Todeschini, Carlos Comassetto, Claudio Sebenelo, João Antonio
Dib, Ervino Besson e Professor Garcia. A seguir, por solicitação do Vereador
João Bosco Vaz, foi realizada verificação de quórum, constatando-se a
existência do mesmo. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão,
os Projetos de Lei do Legislativo nos 183, 185, 187 e 186/06, este
discutido pelos Vereadores João Antonio Dib e Ervino Besson, o Projeto de Lei
do Executivo nº 033/06, discutido pelos Vereadores Carlos Comassetto, João
Antonio Dib, Claudio Sebenelo e Professor Garcia; em 2ª Sessão, o Projeto de
Lei Complementar do Executivo nº 007/06, discutido pelo Vereador Professor
Garcia, os Projetos de Lei do Legislativo nos 158/06, discutido pelo
Vereador João Antonio Dib, e 159/06, discutido pelos Vereadores João Antonio
Dib e Ervino Besson. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Comassetto
cobrou da Prefeitura Municipal a construção do Hospital Geral da Restinga,
contestando afirmações do Vereador Professor Garcia, de que essa obra
dependeria de recursos oriundos do Governo Federal. Também, elogiou a Polícia
Federal pela prisão de criminosos que planejavam assaltar bancos em Porto
Alegre, questionando como essas pessoas obtiveram informações sobre as galerias
subterrâneas do Centro da Cidade. A Vereadora Clênia Maranhão abordou o Projeto
de Lei do Executivo nº 033/06, que altera a denominação do bairro Centro,
afirmando que essa iniciativa tem consonância com o Plano Diretor de
Desenvolvimento Urbano Ambiental. Ainda, analisou Projetos sobre a Lei de
Diretrizes Orçamentárias, enviados a esta Casa pelo Prefeito, alertando para a
necessidade de recuperação financeira do Município e defendendo a manutenção e
aprimoramento do Programa de Orçamento Participativo. O Vereador João Antonio
Dib, reportou-se à rejeição de Requerimento de sua autoria, solicitando
consulta à Comissão de Constituição e Justiça acerca da legalidade do Decreto
Municipal nº 15.194/06, que reajustou os vencimentos
de servidores públicos municipais. Sobre o tema, sustentou que esse tipo de
análise compete a essa Comissão, citando dispositivos da Lei Orgânica e do
Regimento desta Casa, que corroboram os argumentos citados por Sua Excelência.
O Vereador Ibsen Pinheiro, contraditando o pronunciamento do Vereador João Antonio
Dib, asseverou que não compete à Comissão de Constituição e Justiça a análise
da legalidade do Decreto Municipal nº 15.194/06, uma vez que esse Decreto não
exorbitou o poder regulamentador do Executivo. Nesse sentido, sugeriu ao Vereador
João Antonio Dib a elaboração de um Projeto de Decreto Legislativo, opinando
que essa seria a forma adequada de encaminhar o assunto. Na oportunidade, os
Vereadores João Antonio Dib e Ibsen Pinheiro manifestaram-se acerca do pronunciamento
do Vereador Ibsen Pinheiro, em Comunicação de Líder. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Mario Fraga registrou o encerramento, no dia vinte e sete de agosto do
corrente, da 16ª Copa Paquetá de Futebol Amador, parabenizando as equipes
participantes pela qualidade demonstrada ao longo da competição e congratulando
a Academia do Morro pela conquista desse Título. Em relação ao assunto, elogiou
a organização desse evento, frisando o baixo número de incidentes disciplinares
registrados durante sua realização. O Vereador Elói Guimarães discorreu acerca
do processo eleitoral e de sua contribuição para o desenvolvimento e
fortalecimento da democracia, criticando políticos que utilizam, em campanha,
expedientes adversos aos interesses da população. Ainda, posicionou-se
contrariamente à anulação do voto e ao voto em branco como formas de protesto,
atribuindo ao processo eleitoral a capacidade de operar mudanças significativas
no cenário político nacional. O Vereador Claudio Sebenelo manifestou-se acerca
da ocupação, por pessoas sem-teto, de praças e parques de Porto Alegre,
comparando o tratamento dado a essa situação pelo Governo Municipal com o dado
durante o período em que o Partido dos Trabalhadores esteve na Prefeitura.
Nesse contexto, refutou declarações de que o Senhor Beto Moesch, Secretário Municipal
do Meio Ambiente, tenha autorizado o uso de força na remoção de ocupantes da
Praça Garibaldi. Às dezessete horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a
inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador
Luiz Braz e pela Vereadora Margarete Moraes e secretariados pelos Vereadores
Elias Vidal e Claudio Sebenelo, este como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Elias
Vidal, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após
distribuída e aprovada, será assinada pelos Senhores 1º Secretário e Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Srs.
Vereadores, no dia 1º de setembro, a Verª Mônica Leal completou mais um ano de
vida. Queremos cumprimentá-la, em nome da Casa, e vamos entregar as homenagens
da Instituição pelo seu aniversário, desejando-lhe sempre boa sorte. (Palmas.)
(Procede-se à entrega de Mimo.)
O SR. JOÃO ANTONIO DIB (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito que entremos imediatamente no período de Comunicações, para que se
faça a homenagem da Casa aos 60 anos do programa Hora Israelita.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Em votação o
Requerimento, de autoria do Ver. João Dib, solicitando a inversão da ordem dos
trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Hoje, este período é
destinado a assinalar o transcurso do 60º aniversário do programa Hora
Israelita, nos termos do Requerimento nº 093/06, de autoria do Ver. Dr.
Goulart.
Convidamos para
compor a Mesa o Sr.
Jacob Halperin, Diretor do programa Hora Israelita; o Sr. Alexandre Saltez,
Promotor de Justiça, representante do Sr. Procurador-Geral de Justiça do Estado
do Rio Grande do Sul.
Sempre é importante quando esta Casa do Povo de
Porto Alegre tem oportunidade de prestar homenagens, principalmente quando nós
estamos falando de 60 anos de um programa intitulado Hora Israelita que no ar
serve para orientar, noticiar e para manter o orgulho elevado do povo
israelita, para que nós possamos, todos juntos, ter uma sociedade melhor do que
a que nós conseguimos formar até o presente instante. Eu sei que o objetivo da
Hora Israelita é exatamente de poder fazer com que, através da inteligência do
povo israelita, nós possamos caminhar rumo a uma sociedade melhor. Parabéns a
vocês.
O Presidente da Federação Israelita, Sr. Abrahão
Finkelstein está presente, e eu gostaria que ele também fizesse parte da nossa
Mesa. Eu pediria que o nosso grupo de Relações Públicas conduzisse o Sr.
Abrahão Finkelstein para a nossa Mesa.
A Verª Mônica Leal, nossa aniversariante
homenageada, normalmente já iria fazer parte destas homenagens, ela também
estaria usando a tribuna de qualquer forma para homenagear o programa Hora
Israelita. Nós pedimos, então, que ela fale em nome da Casa nestas homenagens
dentro deste período das Comunicações.
A Verª Mônica Leal está com a palavra em
Comunicações.
A SRA. MÔNICA LEAL: Sr. Presidente,
Ver. Luiz Braz; Sr. Jacob Halperin, Diretor do programa Hora Israelita; Sr.
Alexandre Saltez, Promotor de Justiça, representante do Sr. Procurador-Geral de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; Presidente da Federação Israelita, Sr.
Abrahão Finkelstein; Sras Vereadoras; Srs. Vereadores, demais autoridades
presentes; Srs. representantes da imprensa; comunidade israelita; senhoras e
senhores, boa-tarde a todos. Em nome da Mesa desta Casa, pronuncio-me para
homenagear os 60 anos do programa radiofônico Hora Israelita, neste Período de
Comunicações, proposto por mim, juntamente com o Presidente, Dr. Goulart.
O Programa Hora Israelita cumpre com seu papel
de mantenedor da rica cultura judaica no Brasil há louváveis 60 anos,
completados nesta última sexta-feira.
Neste nosso País de tantos projetos
interrompidos, de tantos empreendimentos que não duram, de tanta cultura
esquecida e coisas boas que se perderam no tempo e na história, o programa Hora
Israelita registra 60 anos de transmissões ininterruptas, algo a ser destacado
sempre. E digno de registro, constitui-se no programa de mídia institucional
judaica mais antigo do continente americano. Para mim, isso reflete as características
e qualidades da comunidade judaica, que alimenta a sua milenar tradição com a
preservação e a valorização da sua cultura, de seus costumes e de sua
religiosidade. A sobrevivência do Hora Israelita deve muito a isso, pois tem
nessa comunidade tão unida um público fiel e mantenedor, com toda a certeza.
Para o ouvinte que não tem origem judaica, o
Programa faz a aproximação com essa rica herança, pois está sempre atualizado
com entrevistas, fatos da comunidade aqui e em Israel, com verdadeiras aulas de
história, com a presença forte da música e da Língua Iídiche, sempre primando
pela divulgação dos valores do povo judeu.
E comprova-se que há uma crescente audiência
desses ouvintes, que se unem àqueles entusiastas da comunidade, que acordam
cedo aos domingos e são cativos, como eu.
Considerando que o primeiro programa de rádio
que se tem notícia aconteceu há 90 anos, em Nova Iorque, o programa Hora
Israelita caminha junto com a história do rádio. E seus 60 anos de estrada são
um retrato do pioneirismo de uma proposta que nasceu na época em que o rádio
reinava absoluto como grande veículo das massas, que espalhava a sua
onipotência pelos quatro cantos do mundo e assim permanece até hoje, apesar da
concorrência de tantas tecnologias contemporâneas.
Como jornalista e apreciadora do rádio, vejo sua
importância como transmissor de noticiários. Estes sempre estiveram presentes
no Hora Israelita com a preocupação de manter os seus ouvintes a par dos
acontecimentos da história, acompanhando desde as conseqüências da 2ª Guerra
para o povo judeu, passando pela criação do Estado de Israel e demais...
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Mônica, em nome do Partido dos
Trabalhadores, eu queria cumprimentá-la, bem como o Dr. Goulart e o Sr. Jacó, e
dizer que este Programa que aqui estamos hoje homenageando ajuda a construir a
cultura brasileira da diversidade da nossa convivência, seja com os judeus,
árabes, italianos e alemães. Meus parabéns, e continue firmando a nossa cultura
da diversidade e da paz. Obrigado, Mônica.
A SRA. MÔNICA LEAL: Obrigada,
Vereador. Como representante da Comunidade Israelita, eu agradeço.
Como dizia, passando pela criação do Estado de
Israel e demais fatos sociais, e políticos, envolvendo as comunidades judaicas
mundiais. Hoje, a fim de continuar aprimorando e ampliando a sua programação,
mantém correspondentes e comentaristas em várias partes do mundo, confirmando o
seu prestigio. Porta-vozes dessa comunidade em Porto Alegre, divulgando a continuidade
da preservação cultural e religiosa do povo hebreu, os radialistas do programa
exercem um trabalho voluntário identificado com fins comunitários. Gostaria de
parabenizar o corpo diretivo na pessoa do Diretor-Coordenador Dr. Roberto
Schótkis, e seus diretores de Programação e Apresentação, senhores Marcos
Ratinecas e Fábio Rosenfeld, entre tantos outros colaboradores diretos e
indiretos. Também deve ser mencionado o suporte e a parceria da Rádio
Bandeirantes, que literalmente...
O Sr. Professor Garcia: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento da oradora.) Verª Mônica, queremos parabenizá-la por
esta iniciativa, queremos também parabenizar o Jacob Halperin, Diretor; o
Abraão Finkelstein, presidente da Federação Israelita; e dizer como é
importante, pois 60 anos marcam, realmente, de forma ininterrupta esse
programa; é um grande marco para a nossa Cidade, para o nosso Estado, porque
faz questão de manter, como a senhora mesmo falou, correspondentes em vários
lugares, e é um programa apresentado por várias pessoas. Parabéns por esta
iniciativa, porque consegue, cada vez mais, manter isso dentro do nosso povo.
Parabéns. (Palmas.)
A SRA. MÔNICA
LEAL: Obrigada,
Vereador. Também devem ser mencionados o suporte e a parceria da Rádio
Bandeirantes, que literalmente dá espaço ao Hora Israelita. Parabéns a esse
programa, que é um verdadeiro representante dos anseios de um povo que merece
toda a nossa escuta, o povo judeu, que se liga e interage com o mundo, pois tem
seus filhos espalhados e precisa sempre se comunicar.
Eu gostaria de terminar a minha fala,
agradecendo a oportunidade, e quero registrar que o Hora Israelita e eu fazemos
aniversário na mesma data. E eu me sinto especialmente muito feliz por essa
coincidência. Obrigada a todos. (Palmas.)
(Não revisado pela oradora.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Obrigado, Verª Mônica Leal.
O Ver.
Claudio Sebenelo está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo
deste Vereador.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Ilmo.
Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Dr. Jacob Halperin, Diretor do programa Hora
Israelita; Exmo. Sr. Alexandre Saltz, nosso Promotor de Justiça, representando
o Procurador-Geral do Estado do Rio Grande do Sul; meu querido irmão e amigo de
grandes peleias vermelhas, Conselheiro do Inter, Abraão Finkelstein, Presidente
da Federação Israelita do Rio Grande do Sul.
O Sr. Nereu
D’Avila: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Sebenelo, quero agradecer
a gentileza de Vossa Excelência. Em nome da Bancada do PDT, quero também
traduzir o contentamento da comemoração dos 60 anos dessa longa história,
agradecer a presença de V. Sas aqui na Câmara, junto com essa
comunidade tão tradicional da nossa terra, que se misturou com a nossa gente e
são os nossos irmãos. Em nome do PDT, traduzo todo o sentido que o Dr. Goulart
procedeu. A Bancada do PT, outras Bancadas, todas deram a sua anuência com
muita satisfação. Quero deixar traduzido aqui, neste momento de grande celeuma
em nível internacional, a nossa amizade, a nossa saudação ao bravo povo judeu e
aos 60 anos desse tradicional programa em nossa terra. Muito obrigado,
Vereador, pela sua gentileza. (Palmas.)
O SR. CLAUDIO
SEBENELO: Eu
que agradeço, pois V. Exª enriqueceu o meu pronunciamento.
Quero falar no Hora Israelita, de seus
idealizadores, entre eles o Dr. Isaac Bass, principalmente o Dr. Mordko Meyer,
que está aqui nos brindando com sua presença, pela sua história como médico
especialista em alergia e asma, que tanto ensinamento nos deu, e saudar o
Roberto, o Guidale e Benami pelas
suas presenças constantes no programa Hora Israelita.
Eu estava, num dia de muito frio como hoje, na
cidade de Nova York, e lá vi um movimento em que todas as pessoas, vestidas de
preto, de chapéu preto, de camisa branca e gravata, se reuniam numa das
principais avenidas da Cidade fazendo um protesto contra uma bomba estourada
numa embaixada israelita em Buenos Aires. Foi um dos protestos mais ternos e
mais pacíficos que já vi, pois, de todos os lados, as pessoas saíam falando em
paz; não vi uma atitude de ódio depois de tanta dor e de tanta revolta por um
atentado que ficou histórico, e a manifestação foi a mais civilizada de todas
as manifestações.
Quero dizer a vocês todos que está nos Anais da
Casa um dos melhores pronunciamentos sobre essas questões mundiais de paz e de
guerra. Trata-se do pronunciamento do Vereador Ibsen Pinheiro, sobre a gênese
desses acontecimentos e principalmente de um compromisso e uma fé
inquebrantável na busca mais pacífica do ser humano: o
repúdio ao terrorismo, por todos os motivos, mas principalmente pelo sacrifício
de civis e de crianças indefesas, que nada tinham a ver com a belicosidade dos
eventos e, principalmente, pela forma contundente, traiçoeira e mortal como
essas pessoas foram vitimadas.
Nesse meio tempo, eu
tinha recebido uma carta do meu querido Abraão Finkelstein, em que ele apelava,
no final dessa carta, à paz mundial e, principalmente, explicava o porquê das
questões que assustavam o mundo há muito poucos dias. E mesmo que nós tenhamos
na Casa, muitas vezes, pronunciamentos candentes e muito polêmicos, sai daqui
desta Casa, mas principalmente do inconsciente coletivo gaúcho, a certeza da
busca dessa paz e a solidariedade ao povo judeu. A solidariedade a um povo
maravilhoso cuja etnia veio enriquecer esta mestiçagem brasileira, já tão linda
e tão enriquecida por outros povos que aqui vieram, mas que, aqui, hoje,
mostraram que podem, em qualquer parte do mundo, representar a sua Língua, o
seu sentimento e essa cultura maravilhosa. Quando nós vamos a um aniversário em
uma casa de judeus, vemos uma música linda, uma dança linda e principalmente um
amor muito grande entre essas pessoas. É isso que eu acho que tem de ser
reproduzido para o mundo inteiro: a forma como vocês têm feito no Rio Grande do
Sul.
Nós acolhemos mais do
que um abraço, mais do que um ato de solidariedade, mais do que um acolhimento,
entre aspas. É um orgulho muito grande termos como amigos os nossos queridos
irmãos israelitas que se radicaram aqui com suas marcas importantes na área da
inteligência, na área da criação, da prestação de serviço e principalmente na
área da solidariedade.
Um grande abraço e parabéns pelo programa Hora
Israelita. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Obrigado, Ver. Claudio Sebenelo.
O
Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo
do Ver. Sebastião Melo.
O SR. IBSEN
PINHEIRO:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os
componentes da Mesa e demais presentes.) É uma grata ocasião saudar o 60º
aniversário do programa Hora Israelita, pelo conteúdo da sua programação, pela
extensão da sua história, e, como homem da comunicação que sou, pela
circunstância de ser um programa de rádio. Sou originário do texto de jornal,
mas andei trabalhando em todos esses veículos para ter a noção da velocidade,
da instantaneidade e da capilaridade do rádio.
Talvez nada seja tão agradável quanto um bom
texto de jornal, e nada tão poderoso quanto a imagem de televisão, mas nada é
tão democrático, tão instantâneo e com tanta capilaridade como o rádio. Basta
registrar que é a única dessas atividades que se pode praticar simultaneamente
quase que com qualquer outra. Assim como a televisão e o jornal são
exclusivistas da nossa atenção; o rádio não! O rádio divide com o trabalho, com outras formas de lazer, divide com o ato de dirigir um veículo, ou
de ser carona num veículo. E o rádio, por isso, tem sido o instrumento
poderosíssimo e especialmente feliz quando está a serviço das boas causas.
Instrumento neutro prestou-se também, na história, a péssimas causas - o rádio,
o jornal e, mais modernamente, a televisão; um espetáculo lindíssimo do tempo
da resistência militar aqui, liberdade, liberdade, Flávio Rangel e Millôr
Fernandes, aquelas músicas lindas da resistência espanhola, ou do maqui francês,
ou dos resistentes italianos. De repente, eram interrompidas essas músicas por
uma música belíssima também e entusiasmante, e logo se sabia que era da falange
fascista espanhola. E o Paulo Autran advertia: “Cuidado, fascista também faz
música boa”. Vamos cuidar é dos conteúdos para não nos deixarmos guiar como por
reflexo condicionado, seguir o barulho ou a música ou a atoarda. E esta
comunidade, a comunidade judaica, que sustenta com a sua audiência a ordem
israelita, não tem o direito de ser distraída. Se alguma o tem, essa não o tem,
no sentido de ser distraída; é daquelas que precisa identificar os sintomas do
arbítrio antes que ele se instale de modo avassalador; é daquelas comunidades
que aprendeu no sofrimento, no sofrimento mais do que milenar, a valorizar a
liberdade e a convivência humana. E é por isso que as causas do povo de Israel
se identificam como causas da humanidade. Quando no êxodo livraram-se do
cativeiro, era um ideal humano que perseguiam, antes de um ideal judeu; assim
como a Terra Prometida, antes, e assim também como a volta do cativeiro da
Babilônia eram a causa da humanidade que se confundia com a causa do povo
judeu. E hoje identifico isso com grande clareza. Rejeito, como método de
análise, uma suposta neutralidade nos conflitos que ocorrem no Oriente Médio.
Como qualquer pessoa, eu também lamento a guerra. Mas me obrigo a identificar
as causas, para que não fique num mero lamento choroso no sentido de que,
afinal, homens e mulheres se enfrentem e se matem, sem que nós possamos
compreender que isso poderia ser evitado, se entendêssemos as causas.
Ninguém nega ao povo
palestino o direito a um lar nacional. Nem mesmo Israel contesta, mesmo no auge
do conflito, esse direito histórico do povo palestino a um lar nacional. Mas há
quem conteste pela violência, pela força e pela arma e, sobretudo, pelo
terrorismo o direito de Israel ao seu lar nacional, que não lhe foi dado por
acaso, que foi conquistado pelos passos do Profeta Abraão e que, depois, foi
reconquistado tantas vezes a ponto de impregnar-se do espírito judeu, na sua
Capital Sagrada, Jerusalém!
Pois essa história,
meus amigos, não pode ser contestada por ninguém e muito menos questionada pelo
método traiçoeiro do terrorismo. Não me sinto nem um pouco à vontade quando
vejo colocar-se no mesmo pé de igualdade o ataque terrorista e a reação militar
de Israel. Em ambos os casos há vítimas inocentes. Mas, no primeiro caso do
terrorismo, a vítima inocente é o próprio alvo do ataque e não um produto
indesejado, como foi o produto indesejado a vítima inocente que, nos
bombardeios sobre a Alemanha, também sucumbiu. É de lamentar os que morreram
sob as bombas dos aliados, mas é preciso compreender que as bombas dos aliados
foram a reação necessária e inevitável à agressão nazista. É preciso
compreender, por isso, que o ato do terrorismo é, em primeiro lugar, a negação
da sua própria e suposta causa. A própria causa, que supostamente se defende
com o ato de terror, é inimiga do terrorismo. Basta registrar, nesses episódios
do Oriente Médio, que os atos de terrorismo surgem quando, por outros meios e
outras lideranças, percorrem o caminho da paz.
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): Ver. Ibsen, para encerrar.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Peço a tolerância de V. Exª, Sr. Presidente, para encerrar o meu
pronunciamento, registrando que só por essa razão o terrorismo não merece o
mesmo tratamento de nenhum outro processo de luta, por mais doloroso que possa
ser, porque o terrorismo tem por característica ser inimigo de todas as causas,
inclusive da sua suposta causa. Por isso, nosso ato, nosso gesto, nossa ação e
nosso pensamento não são de neutralidade, mas de solidariedade ao povo de
Israel e ao seu lar reconstituído em cima de milênios de história que se
confundem desde o monoteísmo e as Tábuas da Lei, uma herança das mais caras que
tem a humanidade. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): Obrigado, Ver. Ibsen. O Ver. Elói
Guimarães está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver.
Cassiá Carpes.
O SR. ELÓI GUIMARÃES:
Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Nós queremos,
aqui, em nome da Bancada do Partido Trabalhista Brasileiro, saudar a comunidade
israelita, a Mesa já nominada e as ilustres presenças, quando a Casa, por
iniciativa da Verª Mônica Leal e do Ver. Dr. Goulart, propõe um momento de
reflexão em homenagem à passagem dos 60 anos de atividades de um Programa que
tem o seu conteúdo de paz, a Hora Israelita. É um momento importante porque,
invariavelmente, esta Casa, institucionalizou Sessões - uma Sessão anual - na
defesa de todo esse envolvimento que levou o povo judeu a situações
extremamente difíceis, insuportáveis. Nós afirmávamos, ainda este ano, numa
oportunidade, que a vigilância é fundamental e importante. Estão aí, não faz
muito tempo, cessados, acontecimentos da maior gravidade envolvendo o povo
judeu, enfim, envolvendo confrontos com o terrorismo de toda ordem. Portanto,
quando se homenageia o programa Hora Israelita, que acontece há 60 anos e que
nele está embutida uma cultura de paz, temos reiteradamente dito, Ver. Ibsen,
que o povo judeu, perseguido ao longo da História, criou um dos valores mais
sagrados: a paz, a cultura da paz, a busca da paz, porque sofreu na própria
carne dos seus, diríamos, ascendentes, da sua etnia, os mais tormentosos e
lamentáveis flagelos humanos que se têm notícia na História.
Então é um momento de
reflexão, meu caro Presidente Abraão, é um momento de refletir sobre todos
esses fatores que fazem com que a vigilância seja permanente na defesa,
exatamente de modo contrário àqueles que querem, na guerra, na agressão, buscar
as suas afirmações. Portanto, este é um momento importante da Casa, e nós nos
queremos nos somar, neste curto espaço de tempo, saudando o programa Hora
Israelita, que veicula exatamente a defesa da paz, a cultura da paz,
evidentemente numa sociedade de massa, e aí o rádio, esse instrumento
fundamental da comunicação social, tem um papel relevante. E o programa Hora
Israelita é exatamente isso, buscar exatamente a relação com seus ouvintes e,
de resto, com todos os ouvintes no sentido de configurar, a todos nós, a
cultura e a defesa da liberdade, da solidariedade e da paz. Isso tem sido uma
constante no programa Hora Israelita. Portanto, recebam todos a nossa saudação
e a nossa homenagem. Obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Obrigado, Ver.
Elói Guimarães.
Terminados os oradores inscritos no período das
Comunicações, hoje, destinado a homenagear os 60 anos do programa Hora
Israelita, teremos a satisfação, agora, de dar a palavra ao responsável por
esse programa estar no ar e o responsável pela comunicação de tudo aquilo que é
ouvido e acompanhado por todos nós. Portanto, o Sr. Jacob Halperin, o Diretor
do programa Hora Israelita, está com a palavra.
O SR. JACOB HALPERIN: Exmo. Sr.
Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, estimado Ver. Luiz Braz; Srs.
Vereadores e Sras Vereadoras. (Saúda os componentes da Mesa e demais
presentes.) A todos estimados amigos, cordialmente, shalom.
Preliminarmente, devemos agradecer pelas palavras carinhosas ouvidas, aqui, dos
Srs. Vereadores desta Casa, realmente, comovem-nas.
No já distante ano de 1946, quando as severas
realidades da Segunda Guerra Mundial ainda estavam sendo absorvidas pela
humanidade, então estarrecida pelos horrores do holocausto nazifascista, em que
seis milhões de judeus foram brutalmente exterminados, em meio a outras 30
milhões de vítimas, inclusive, pescadores, marinheiros e pracinhas brasileiros
da Força Expedicionária Brasileira, um grupo de jovens idealistas, em sua
maioria acadêmicos e profissionais liberais, apercebeu-se da necessidade de que
os anseios judaico-sionistas fossem levados à sociedade ampla, como um aberto
clamor para conscientização da imperiosa necessidade do reparo de uma injustiça
histórica para com o povo judeu, e a nação judaica em geral, que só poderia ser
redimida com a reinstalação da pátria israelense em sua terra histórica.
Nesse contexto, liderados por José Grimberg,
Chaim Weltcher, José Halperin, Moisés Sabani, Mayer Wais, no dia 1º de setembro
daquele ano, foi lançado, na Rádio Farroupilha, o programa Hora Israelita.
A programação percorreu esses 60 anos de
existência com a colaboração de figuras notáveis da comunidade local, dentre
eles não podemos esquecer a notável dedicação dos sempre lembrados Dr. Isaac
Bass, Sr. Bernardo Tchernin e Sr. Félix Wainer.
Nos decurso desse tempo, tivemos vários outros
dedicados colaboradores, tanto na direção como na condução de nossas
programações, a quem também queremos render, neste momento, o nosso tributo e
reconhecimento.
Tanto as coletividades judaicas do Rio Grande do
Sul como a grande comunidade gaúcha sentiram a necessidade de que o elo que a
Hora Israelita podia apresentar, todos os domingos, ligando a grande sociedade
com a pequena comunidade judaica, era muito importante. A Hora Israelita
apresentava então mensagens da cultura, da tradição, dos costumes e aspectos
religiosos, da história, dos anseios da atualidade e das fontes do judaísmo,
centradas no renascido Estado de Israel.
Pela
“Hora Israelita” ouvimos o chanceler Oswaldo Aranha, em novembro de 1947,
proclamando a decisão das Nações Unidas, de 29 de novembro, determinando a
instalação do Estado de Israel. Ouvimos Bem Gurion, em 14 de maio de 1948,
proclamando a instalação do novo Estado. Ouvimos o primeiro Presidente Chaim
Weizzman, bem como os diversos Primeiros-Ministros e Presidentes que sucederam
a esses precursores.
Todos
esses acontecimentos, os mais significativos do judaísmo mundial, sempre foram
objetos de divulgação responsável pela “Hora Israelita”. Nos últimos anos,
aumentamos nosso espaço para duas horas dominicais, bem como ampliamos o
círculo de comentaristas e correspondentes em diversas partes do mundo, dos
quais recebemos informações ao vivo. O segmento de notícias recebeu um
tratamento todo especial. Através da Internet, estamos em permanente contato on-line
com agências noticiosas e com os principais jornais do mundo.
A “Hora Israelita”, em cada audição, renova a
sua vocação e compromisso de integração comunitária, sendo um canal aberto na
divulgação dos legítimos anseios do povo e da terra de Israel. Nossas mensagens
sempre foram direcionadas à busca da necessária concórdia e paz no Oriente
Médio, com o exemplo da harmonia que ocorre nas comunidades judaicas e árabes
no Brasil. Oxalá, possamos, em futuro bem próximo, ter a satisfação de
transmitir mensagens dos Embaixadores de Israel, da Síria, da Palestina, do
Irã, do Iraque e das demais nações árabes, todas festejando a almejada paz no
Oriente Médio. Sintonizados com os avanços da mídia moderna, a “Hora Israelita”
construiu um site e um blog, disponibilizando ao grande público
os conteúdos das matérias divulgadas, bem como ensejando a interação com os
seus milhares de ouvintes, não só daqui, mas do mundo todo que nos acompanha
através da transmissão simultânea via Internet.
Cabe-nos ainda externar o nosso reconhecimento à
direção da Rádio Bandeirantes local, através de seus Diretores Leonardo
Meneghetti e Renato Martins, pela correção e cortesia com que somos recebidos.
Meus amigos, ao recebermos essa honrosa
homenagem da Câmara Municipal de Porto Alegre, queremos externar o nosso
comovente agradecimento e reconhecimento aos nobres Edis de nossa Cidade.
Estimados amigos, muito, muito obrigado e,
cordialmente, shalom! (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Queremos
agradecer ao Presidente desta Casa, que está licenciado, Ver. Dr. Goulart, autor
do Requerimento que deu origem a esta homenagem, no período de Comunicações,
homenageando os 60 anos do programa Hora Israelita. Quero agradecer à Verª
Mônica Leal, que falou em nome de toda a Casa e também aos outros Vereadores
que se pronunciaram no período de Comunicações, que também falam em nome da
Casa: o Ver. Claudio Sebenelo, o Ver. Elói Guimarães e o Ver. Ibsen Pinheiro.
Quero agradecer as presenças do Presidente da Federação Israelita, Abrahão
Finkelstein; do nosso querido amigo Jacob Halperin, Diretor do programa Hora
Israelita; do Excelentíssimo representante do Procurador-Geral de Justiça do
Estado do Rio Grande do Sul, Promotor de Justiça Dr. Alexandre Saltez. Quero
agradecer a presença das senhoras e dos senhores que nos deixam muito honrados
com suas presenças aqui nesta Casa, muito obrigado, de coração, e que nós,
todos juntos, quem sabe algum dia, possamos chegar à paz, numa sociedade mais
perfeita, mais evoluída, mas que todos nós possamos, realmente, ter esse
privilégio de chegar a comemorar a paz para que todos possamos viver com muita
felicidade aqui nesta terra. Um grande abraço a vocês. (Palmas.)
Estão suspensos os trabalhos para as despedidas.
(Suspendem-se os trabalhos às 15h.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz – às 15h06min): Estão reabertos
os trabalhos.
Retomamos o período de Comunicações.
A Verª Neuza Canabarro está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Ausente. A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em
Comunicações. (Pausa.) Ausente. O Ver. Valdir Caetano está com a palavra em Comunicações.
(Pausa.) Ausente. Está encerrado o período de Comunicações.
Passamos ao
O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em
Grande Expediente. (Pausa.) Ausente. O Ver. Ibsen Pinheiro está com a palavra
em Grande Expediente.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente,
Ver. Luiz Braz; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, o tema que se
está impondo à nossa atenção é o das eleições. Estamos no mês das eleições, e é
muito freqüente ouvir-se dizer que ainda não há um clima
estabelecido em torno das eleições. De fato, uma lembrança de passado recente
nos dá a idéia de que nos mês que antecede ao pleito, sempre estiveram mais
acesos o debate e o enfrentamento político.
A
falta de clima poderá ter várias causas, Sr. Presidente. É intuitivo que os acontecimentos
que envolveram o poder político no nosso País - o Poder Executivo e o Congresso
Nacional - são responsáveis por um clima de desencanto. No passado, episódios
isolados provocaram mais indignação do que qualquer outro sentimento, mas o
volume e a reiteração dos episódios desse último ano foram a um tal paroxismo
que o sentimento dominante é mais perigoso do que o do desencanto ou da
indignação: é o sentimento da abulia, do desinteresse, quase como se não
adiantasse mais nada indignar-se. E nada é mais perigoso num processo
político-social do que o absenteísmo, Sr. Presidente, porque ele haverá de ser
o instrumento mais poderoso em favor da pior política. Quem se omite do gesto
político entrega o espaço do domínio da ação política às piores espécimes dessa
área.
Eu identifico uma outra causa, Sr. Presidente, e
talvez aí eu não tenha tantos apoios quanto acredito, mas eu acho que há
restrições excessivas ao processo da campanha eleitoral. Esses dias eu dizia a
alguns amigos, com a concordância de todos, que tenho me dedicado a duas
atividades criminosas - porque são altamente reprimidas: falo de campanha
eleitoral e de conduzir veículo automotor. Vivo sendo autuado, infracionado,
multado e cobrado, pelo modo de fazer campanha eleitoral ou pelo modo de
dirigir um veículo. Isso, Sr. Presidente, que eu abandonei uma terceira
atividade criminosa, que é fumar. Essa é outra atividade exageradamente
reprimida.
Quanto às eleições, então, Sr. Presidente: botei
na frente do meu comitê, dentro do pátio, um banner com quatro metros
quadrados: 1,60 x 2,50 - quase consultei um matemático para chegar a esse
número: 1,60 x 2,50; mas o fundo, a estrutura que o sustenta é maior, como
quando você bota um cartaz numa parede: a parede é maior do que o cartaz. Pois
fui notificado, já, pela Justiça Eleitoral, mediante promoção do Ministério
Público, de que ali estaria uma peça fora dos limites da razoabilidade, embora
não haja lei que defina o tamanho dessa razoabilidade, mas lá está a
notificação.
Fui aconselhado pela assessoria jurídica do meu
Partido à impetração de um Mandado de Segurança. Obtive uma decisão liminar,
não posso afirmar se terei êxito, mas tenho certeza de que estou dentro da lei,
porque se a moldura é maior que os quatro metros quadrados, então eu não posso,
naquela moldura, colocar um santinho, nem mesmo um santinho de 20 ou 30
centímetros quadrados.
É um exagero, Sr. Presidente, mas eu não culpo a
Justiça Eleitoral, não, eu culpo, antes, a nossa própria atividade
político-representativa, porque essas restrições nascem de leis aprovadas pelo
Congresso Nacional, e o incrível é que se excluem os Partidos políticos da
normatização e do controle, como se os Partidos políticos não fossem agentes
públicos responsáveis para manter a propaganda eleitoral dentro dos limites da
legalidade e da razoabilidade. Não é o que se faz, por exemplo, com a atividade
econômica, altamente próspera, como a propaganda, pois a propaganda pode ser
auto-regulada. A propaganda de produtos comerciais, alguns, sim, nocivos à
saúde, pode ser auto-regulada. Não é o Poder Público que interfere; antes dele,
o Conselho Nacional de Auto-Regulamentação da Publicidade interfere e retira
peças do ar. Estou pensando, Srs. Vereadores, que este pode ser um caminho. Não
quero deixar sem lei a propaganda eleitoral, nem estou pregando aqui a
“deslei”, mas acho que os Partidos políticos não podem ser excluídos da
fiscalização, do controle e da responsabilidade, e tenho certeza de que, se os
Partidos políticos participassem desse processo, nós teríamos controle, nós
teríamos também liberdade.
Estou lendo – falei disso há poucos dias – que o
Presidente Lula foi multado em 900 mil reais. Será que isso está dentro do
princípio da razoabilidade? Novecentos mil reais! Isso é maior do que o
patrimônio, eu suponho, do Presidente! Não me lembro da sua declaração de bens,
mas é bem provável que seja maior. Como pagar? Com doações?
Dia desses, a candidata Heloísa Helena informou
que demitiu um servidor porque ele mandou um e-mail do seu gabinete.
Como não usar, Sr. Presidente? O e-mail e o telefone fazem parte das
nossas vidas, e essa linha é da Câmara Municipal! E, quando telefono e
perguntam o meu número, será que responder aqui é uso da máquina?
Então há uma hipertrofia do controle, talvez
hipertrofia ligada à imagem da vida pública. Vamos tratar como marginais
aqueles que se conduzem como marginais. Não se percebe, nessa linha de conduta,
que se está castrando não apenas a atividade de homens de bem, mas uma
atividade essencial à convivência democrática? E já acrescento: essencial ao
próprio funcionamento do Poder Judiciário, que é a atividade política,
representada pelos candidatos e seus Partidos.
Sei que há razões para desencanto, mas eu acho
que isso é um tema político que os políticos devem enfrentar junto ao
eleitorado, mas há também essa hipertrofia da ação censória.
Agora soube que um tribunal está tirando do ar
ataques políticos fundamentados na existência ou não do mensalão. Essa é
matéria para o confronto político e não para o Poder Judiciário dizer o que
pode ou que não pode. Quem quiser que acuse as práticas do Governo, que tem os
mesmos espaços para se defender, ou os seus candidatos, e esse é o jogo
político; e não juízes decidindo o que pode e o que não pode, o que deve e o
que não deve, passando para a campanha eleitoral uma idéia de cerceamento, uma
idéia de intimidação.
Hoje mesmo, Sr. Presidente, assinei em meu
gabinete, uma dúzia de procurações para deixar na mão da assessoria jurídica do
PMDB, porque é bastante provável que essa dúzia de procurações seja pouco para
a ânsia punitiva que se observa. Imagino, Sr. Presidente, uma oportunidade
futura de rediscutir a legislação do controle da atividade político-eleitoral,
para, nessa função controladora, incluir necessariamente os Partidos políticos,
porque eles não são apenas o objeto do controle; eles são os agentes da vida
pública. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver.
Bernardino Vendruscolo está com a palavra em Grande Expediente, por cedência de
tempo do Ver. Haroldo de Souza.
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Ver. Luiz Braz,
na presidência dos trabalhos, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
ontem, domingo à noite, tive uma conversa com uma das minhas filhas, a que tem
10 anos de idade, que, aliás, admira muito as Vereadoras Manuela e Neuza
Canabarro. A Bibiana é fã de duas Vereadoras daqui: Manuela e Neuza Canabarro.
Mas eu tenho cerceado um pouco a minha filha.
Ela tem 10 anos de idade, gosta muito de novela, e as novelas hoje mostram
tudo, praticamente ao vivo, aquilo que nós não precisamos aqui falar, porque
todos assistem, e nós, que somos pais, ficamos preocupados quando temos filhas
menores de idade que ficam assistindo a programas cedo da noite, dá para dizer
assim, 21 horas, 21h30min. Nesses horários são exibidas cenas que, para quem
tem filho, é complicado. E eu, de vez em quando, chamo a atenção da minha filha
e tal. Ontem, ela me questionou: “Vem cá, o que é melhor, eu assistir novela ou
assistir o Programa Político? Vejam o que as crianças dizem. E aí eu questionei
com a minha filha esse tipo de situação, pois eu tenho ouvido muito nas ruas as
pessoas falando sobre o que é dito no horário do Programa Eleitoral Gratuito.
Agora, vejam V. Exas. o seguinte: quem são os culpados? Será que são os próprios
candidatos que estão lá vendendo as suas propostas? Ou os que estão assistindo,
muito omissos, tendo oportunidade de participar e não participam? Quem será o
culpado? Será que a participação desses candidatos, que levam aquelas mensagens
que denigrem a imagem de quem participa ativamente da política – é a culpada?
Ou culpados são aqueles que se omitem e deixam que esses candidatos venham em
todas as eleições dizendo a mesma coisa? Tem um que eu não vou repetir aqui,
mas ele diz assim: “Não vote em homem! Vote naquele bicho”. Eu não vou citar o
nome dele aqui porque eu acho que nem poderia, a própria legislação não permite
que eu faça, mas esse é um exemplo disso. O outro dá o nome e diz assim: “Eu
sou um pássaro lá da serra.” O outro promete um salário que não tem a mínima
condição.
Será que não está na hora de nós fazermos com
que aqueles que criticam - e criticam com razão, têm de se preocupar... Será
que não devemos permitir que esses mesmos de sempre participem do processo
eleitoral?
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pelo aparte, e quero corroborar
porque é um verdadeiro circo, é um desfile o horário eleitoral, principalmente
dos candidatos, pelo menos a grande maioria. Há um inclusive que é ex-Secretário
e que foi demitido do Município duas vezes, por condutas não recomendáveis, e o
seu lema é “humildade e honestidade”. Então, essas coisas abismam de fato as
pessoas. E aí dá para entender por que as pessoas, o eleitor tem essa confusão
na cabeça. Eu concordo inteiramente com o pronunciamento de V. Exª
O SR. BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado Ver.
Carlos Todeschini.
O Sr. Claudio Sebenelo: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Um pouco antes de César morrer, dizia ele
a Marco Antônio: “Eu quero homens gordos e que durmam bastante de noite, e não
um jovem pensador chamado Cássio”, - que era magrinho, não dormia à noite, mas
tinha um defeito: ele pensava.
Hoje, temos o elogio à ignorância: não precisa
estudar para ser Presidente da República. E esse elogio à ignorância, feito,
inclusive, pela intelectualidade brasileira, faz com que tenhamos esse tipo de
programa, e é fundamental que as pessoas entendam que o que liberta é o
conhecimento, e não o desconhecimento.
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Estou paralisando o tempo de V. Exª, Ver.
Vendruscolo, para dizer que temos responsabilidade como Instituição. Podemos
falar de todos os assuntos, mas peço que, por favor, V. Exas não
toquem em assuntos que possam ferir interesses eleitorais. Não temos o direito
de fazê-lo. Temos, aqui, de fazer a nossa Sessão, discutindo temas importantes
para a população de Porto Alegre. Peço que V. Exas não toquem tão de
frente nesses problemas que ferem direitos e interesses de Partidos e de
pessoas.
Devolvo o tempo a V. Exª.
O Sr. Claudio
Sebenelo:
Sr. Presidente, me referia a uma declaração de Júlio César a Marco Antônio, há
mais ou menos dois mil anos.
E essa é a grande questão: a questão do
pensamento. O pensamento pode ser uma arma muito grande de sabedoria e de
conhecimento, e para algumas facções não é vantajoso que o povo pense. Essa é a
questão fundamental.
Vamos continuar com o elogio à ignorância,
porque ele fala igualzinho a nós.
O SR.
BERNARDINO VENDRUSCOLO: Obrigado.
O Sr. Ervino
Besson:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É extremamente importante o
assunto que V. Exª levanta aqui. Alguns programas de televisão, muitas vezes,
nos deixam alarmados pela sua qualidade. Isso precisa ser revisto. Acho que
deve haver um órgão que regule isso. V. Exª deve lembrar que, antigamente,
havia uma lei que fazia os candidatos passarem por uma avaliação. E hoje, acho que ninguém controla nada e fica tudo a “Deus dará”. E
também V. Exª comentou sobre os programas políticos, que demonstram a situação
do nosso País. Nós estamos servindo de chacota de outros países! Por quê? É só
olhar o nível dos programas. E mais, Vereador, o próprio Tribunal já proibiu
muitas coisas na campanha política, mas estes cavaletes no meio das avenidas
deixaram muitos transeuntes e motoristas numa situação extremamente delicada;
carros sendo atingidos, porque o vento os leva e os deixa no meio da rua. Eu
acho que o TRE deve ter recebido milhares de reclamações sobre isso. Talvez
seja mais um assunto sobre o qual deveríamos, no decorrer do tempo, abrir uma
discussão nesta Casa. Sou grato a V. Exª
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Obrigado.
A Srª Manuela
d'Ávila: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Muito obrigada, Ver. Bernardino Vendruscolo pelo aparte. Só para registrar,
acho que o tema que V. Exª levanta, com relação a alguns candidatos ridículos
ou à ridicularização da política, nos traz à tona, mais uma vez, ao debate
sobre a urgência de uma reforma política no nosso País. Enquanto nós tivermos
um sistema político que privilegia os candidatos à votação individual e não nas
listas sérias, construídas não por direções de caciques, mas por direções de
Partidos reais, com militância real, nós vamos continuar vivendo com esta
situação, com candidatos que chamam atenção para assim, quem sabe, ganharem os
votos de alguma massa desiludida com os políticos que trabalham, que são sérios
e que têm uma vida e uma militância política cotidiana. Muito obrigada pelo
aparte.
O SR. BERNARDINO
VENDRUSCOLO: Obrigado Verª Manuela. Para
finalizar, Sr. Presidente, não queremos servir aqui como exemplo e nem chamar
atenção, mas reforçar a idéia de que sempre que alguém fizer uma crítica a
qualquer programa político, ou a um Partido, ou a um candidato, que pense duas
vezes - e deve ter um motivo para isso -, pois a pessoa poderia estar ali
exercendo o seu direito, porque todos os Partidos estão de portas abertas para
a população, para as pessoas se filiarem e fazerem política partidária. Então,
enquanto alguns se omitem, uma maioria faz essas barbaridades que nós estamos
vendo aí. Era isso, Sr. Presidente. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): Obrigado, Ver. Bernardino
Vendruscolo.
Encerrado o Grande
Expediente. Passamos à
(até 06 oradores/10 minutos/com aparte)
5ª SESSÃO
PROC.
N. 4348/06 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 031/06, que dispõe sobre as diretrizes
orçamentárias para 2007 e dá outras providências.
PROC.
N. 4349/06 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 032/06, que altera a Lei n. 9.814 de 29 de agosto
de 2005, que dispõe sobre o Plano Plurianual 2006-2009 e dá outras
providências.
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): O Ver. Carlos Todeschini está com a palavra para discutir a
Pauta Especial.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Minha saudação
ao Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
público presente e assistência da TVCâmara, nós estamos discutindo a Lei de
Diretrizes Orçamentárias. Naquela sexta-feira em que o Sr. Prefeito esteve aqui
entregando a Lei, nós ouvimos as palavras do Sr. Prefeito, sobre a mudança, a
alteração dos programas, a composição e fundamentalmente o que teria
introduzido o novo Governo: a idéia da gestão por programas. Faço este
comentário como um gancho a um debate que quero fazer agora. Na última
sexta-feira, dia 1°, às 11h da manhã, eu recebi um telefonema, e, como
presidente da Comissão de Direitos Humanos, me chamaram com urgência, porque
estava desencadeada uma ação de violência e agressão contra os moradores
ocupantes da Praça Garibaldi, cerca de 20 ou 30 pessoas, das quais foram
retirados os pertences - colchões, cobertores e roupas - de forma agressiva por
agentes do Município. Eu não consegui, num primeiro momento, resolver, mas em
seguida recebemos mais um telefonema, diretamente na Comissão, pedindo urgência
e socorro, porque as pessoas continuavam sendo agredidas violentamente.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Ver.
Todeschini, eu estou parando o tempo de V. Exª Nós estamos discutindo a Pauta
Especial e V. Exª está falando de um problema da Praça Garibaldi. Eu pergunto:
esse assunto está na Lei de Diretrizes Orçamentárias?
O SR. CARLOS TODESCHINI: Está
correlacionado com as transversalidades dos programas e assistências sociais,
que eu quero abordar aqui, porque é uma situação muito delicada.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Devolvo o tempo
a V. Exª.
O SR. CARLOS TODESCHINI: Obrigado, Sr.
Presidente. Vejam só o seguinte: fui chamado ao local e lá se apresentaram as
pessoas da Abordagem de Rua da FASC, dizendo: “Fomos nós, fomos nós que lhe
chamamos aqui, porque não estávamos tolerando a ação truculenta do
Governo”. As pessoas foram agredidas, pisoteadas, apanharam de cassetete,
tiveram suas mãos pisadas, enfim, foi uma pancadaria geral. Eu estou comentando
isso, Sr. Presidente, porque, em seguida, chegou ao local o Comandante da
Guarda Municipal, Sr. Adão, dizendo: “Essa ação não tem nada a ver com a Guarda
Municipal”. No entanto, os pobres haviam sido espancados pela Guarda
Municipal! Ele dizia mais: “Isso não tem acordo do meu Secretário” - que é o
Secretário da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Da mesma forma, os
funcionários da FASC diziam que era intolerável e inaceitável a forma como as
pessoas ali estavam sendo tratadas e a forma como elas foram agredidas. Retornei
para o Gabinete, de onde imediatamente contatei com o Sr. Prefeito e perguntei
se ele conhecia a situação. Ele disse que não, que não era do seu conhecimento,
que não era a política do Governo. Então, eu pedi para que ele tomasse as
providências e para que devolvessem os pertences às pessoas, basicamente as
roupas, os cobertores e os colchões. Isso foi visto pelos moradores e
corroborado pelas pessoas do Governo que lá estavam, pertencentes à FASC, de
que aquelas pessoas que estavam na praça deveriam ir para um abrigo ou um
albergue. No entanto, bem em frente à praça, há a Casa Viva Maria, um albergue
onde eles não são aceitos. O número de pessoas que está nas praças e nas ruas é
muito alto e muitas vezes maior que as vagas que são oferecidas. Portanto, não
há para eles outra alternativa senão ficar ali, na praça. Então, vejam o
problema, porque o mesmo Governo que bate, que age de forma truculenta e
fascista, não oferece abrigagem, albergagem e opção para essas pessoas. E, aí,
a gravidade da denúncia que eu quero fazer, que é a seguinte: segundo os
agentes do Governo que lá estavam, denunciaram que esta tem sido uma ação
coordenada diretamente pelo Secretário da SMAM, o Secretário Moesch. Ele é que
comandou uma ação paralela inclusive às estruturas competentes do Governo, que
são a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Urbana e a FASC. Foi
organizada uma força-tarefa com a coordenação da SMAM, de ordem do Secretário,
mais os agentes da Guarda Municipal, da própria SMAM e da FASC, que desencadeou
uma pancadaria e uma ação política de higienização das praças. E não foi só lá.
Essa ação partiu às oito e meia da manhã da frente do Paço Municipal - e me
admiro que o Prefeito não saiba, ele me afirmou e reafirmou que não concordava
com a ação -, mas aconteceu em outras praças: na Praça Parobé, na praça da
Coronel Genuíno em frente ao Senac e na Praça Garibaldi.
Conversei com a Presidenta da FASC, ontem, às
nove e meia da noite, porque o Prefeito me garantiu que seriam devolvidos os
pertences, já que o Município não oferece vagas para a abrigagem. Afinal,
estamos vivendo alguns dias de temperaturas extremamente baixas, rigorosas, e
as pessoas estão expostas, muitas dormindo na laje, na pedra e ainda estavam
sem os seus cobertores, sem as suas roupas e sem os seus colchões. Até ontem à
noite - eu passei lá às 20h30min - não haviam sido devolvidos. Apesar de eu ter
falado com a Presidenta da FASC, Srª Brizabel Rocha, e ela ter-me afirmado que
o Governo havia decidido que os pertences seriam devolvidos ainda na sexta-feira,
isso não aconteceu.
Quero comunicar que fiz um ofício ao Presidente,
na forma da lei, para convocar o Secretário da SMAM para vir à Comissão de
Direitos Humanos para dar explicações sobre o caso, pois se trata de violação
de direitos, de violência e agressões cometidas contra pessoas indefesas que
estavam apenas ocupando o espaço público por não terem outro lugar para estar,
além da retirada violenta e agressiva dos seus pertences.
Quero comunicar também que enviei um detalhado
relatório à Promotoria, ao Ministério Público, à Procuradoria de Justiça, onde
há um Promotor que cuida da área de Direitos
Humanos e que já está abrindo inquérito sobre o caso. Quero fazer este alerta e
quero discutir, porque eu não estou entendendo: de um lado temos que discutir,
aprovar e construir programas para atendimento das populações vulneráveis, para
a população de rua entre outras. E fizemos uma reunião na Comissão de Direitos
Humanos há poucos dias, onde se formou um grupo de trabalho para tratar da
questão e alocar recursos para tanto, na LDO, na Lei Orçamentária anual, para
garantir mais vagas, para garantir investimentos por parte do Governo para
transformar, de fato, essa política em prioridade de Governo. E, de outro lado,
justamente na semana onde o clima é o mais rigoroso do ano, as pessoas estão
sendo jogadas de forma violenta para fora dos espaços públicos, tendo os
pertences retirados, e o Governo na mais completa confusão. Agora, o que vale?
É o que o Prefeito diz, que isso não é a política do Governo, ou é a ação
prática coordenada pelo Secretário Beto Moesch, que é de descer o cacete, que é
bater nas pobres criaturas miseráveis, cujos pertences são um cobertor, um
colchão e algumas latinhas?
Venho trazer esta
questão porque é muito séria e muito grave, uma vez que estamos discutindo a
Lei de Diretrizes Orçamentárias e logo a Lei Orçamentária anual também, porque
queremos saber do Governo o que está valendo. Eu não acredito que isso esteja
acontecendo à total revelia do Prefeito, e caso estiver, que abra um inquérito
imediatamente no Governo para apurar responsabilidades. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): O Ver. Carlos Comassetto está com
a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Sras
Vereadoras, Srs. Vereadores, na continuidade do debate, infelizmente, referente
aos dois Projetos, Plano Plurianual e LDO, trago um conjunto de
questionamentos. O primeiro deles, quero discutir aqui com os colegas
Vereadores, também a doutrina orçamentária. Pela doutrina orçamentária, existe
uma hierarquia das Leis do Orçamento. Essa hierarquia é necessária, pois uma
peça orçamentária serve de base para outra, que é a peça subseqüente. Uma das
formas de se cumprir essa hierarquia é o critério de temporalidade, ou seja, no
tempo, aprova-se uma para depois podermos aprovar outra, e o primeiro que se
aprova é o Plano Plurianual, de quatro em quatro anos, e, depois, com base
nesse Plano Plurianual, se aprova a LDO, ou Lei de Diretrizes Orçamentária. Por
último - com base na LDO – se analisa e se aprova a Lei Orçamentária Anual.
Esses critérios hierárquicos, Ver. João Dib, não são burocráticos; eles são
técnicos e políticos. Pois as Leis Orçamentárias são instrumentos de planejamento
e de organização e são, principalmente, instrumentos de segurança jurídica do
Executivo, do cidadão e do Legislativo.
Ocorre que no dia 18
de agosto passado, o Executivo Municipal protocolou nesta Casa, na Câmara de
Vereadores, dois Projetos. O primeiro deles dispõe sobre as Diretrizes
Orçamentárias para 2007, ou seja, a LDO para 2007; e depois de protocolar esse
primeiro, protocolou um segundo, que altera o Projeto de Lei n.º 9.814 que é o
Plano Plurianual já aprovado.
Com essa base
doutrinária, eu questiono: como esta Casa vai analisar simultaneamente dois
Projetos, quando um é orientador do outro? E se o Plano Plurianual, que foi
apresentado como um segundo Projeto para nos dar diretrizes à LDO, não for
aprovado? Como fica essa proposta de LDO que já está baseada nas modificações
que o Plano Plurianual terá que ter? O Executivo está desrespeitando esta Casa
mandando uma peça de Lei de Diretrizes Orçamentárias considerando que a sua
proposta do Plano Plurianual, Ver. Margarete Moraes, já esteja aprovada, mas se
nós nem analisamos essas modificações no Plano Plurianual, como o Executivo
pode protocolar um projeto anterior às propostas do Plano Plurianual, já com as
modificações inseridas? Ver. João Dib, V. Exª tem debatido muito aqui no
plenário essa questão. Eu quero que V. Exª me justifique essa quebra de
hierarquia doutrinária e do respeito às nossas análises
jurídico-administrativas.
O Sr. João Antonio
Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nobre Ver. Comassetto, na quinta-feira eu dizia que é tão difícil construir o
simples, pois ninguém mudou o Parabéns a Você. Veja V. Exª que os dois Projetos
entraram na mesma hora e no mesmo dia. Evidentemente, por simplicidade,
primeiro vai-se aprovar a alteração do Plano Plurianual, que eu entendo que não
deveria ter a mesma tramitação que está tendo a LDO, porque nós estamos fazendo
uma pequena alteração retirando um dos Programas e redistribuindo esse programa
nos outros vinte. Nós não estamos fazendo nada de mais. Portanto, cinco Sessões
consecutivas, discutindo o mesmo ponto é muito difícil de continuar. Mas,
primeiro nós vamos votar a alteração do Plano Plurianual.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Muito obrigado
pela concordância com a minha tese. Há descontinuidade e desrespeito às normas
doutrinárias do planejamento, como o Executivo está tratando esta Casa.
O segundo
questionamento que trato aqui – aí sim, diz respeito ao papel dos Vereadores –
é sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Apresentando o
Projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias para 2007, percebemos um grande
desrespeito com a Câmara Municipal, uma vez que novamente o Poder Legislativo
Municipal surge como um programa do Governo Fogaça, conforme leitura do
parágrafo 1º, art. 4º. Questiono se os Vereadores e as Vereadoras, da base do
Governo, vão aceitar calados o desrespeito que a apresentação desse Projeto
traz com o Legislativo.
E no art. 6º
do Projeto, o desrespeito é mais evidente, pois esse dispositivo estabelece que
as Emendas dos Vereadores e das Vereadoras ‘serão destacadas na Lei
Orçamentária anual através da subatividade e subprojetos’. Ora, os Vereadores
não poderão alterar recursos de programas ou ações, descrição de programas ou
de ações? Não poderão realocar recursos nos termos estabelecidos pela
Constituição Federal? O Executivo não estaria se auto-autorizando a fazer um
juízo de valor de nossas Emendas depois de aprovadas? O Executivo não estaria
pretendendo limitar as atribuições constitucionais dos Vereadores?
Fere-se assim a
autonomia e independência dos Poderes. Os limites de emendar do Vereador são
constitucionais.
Ao Executivo Municipal, quando aprovados os textos legais, cabe somente vetar
ou sancionar. Outro dispositivo que afronta a nossa autonomia consta no art. 20
da LDO. Pelo Projeto, o prazo para que a Câmara envie a sua proposta inicial de
Orçamento, é o dia 1º de outubro. Não cumprindo esse prazo, a Câmara será
penalizada com a alocação de recursos consoantes à participação relativa ao
Orçamento de 2006.
Pois bem, lembrando que a Peça Orçamentária deve
seguir o Plano Plurianual e a Lei de Diretrizes Orçamentárias, como faremos a
nossa proposta de Orçamento sem termos aprovado ainda a LDO e o novo PPA? A
Câmara deverá descumprir as regras constitucionais e elaborar a sua Peça
Orçamentária previamente? E a Câmara será punida se for séria e cumprir os
princípios legais e constitucionais aguardando a aprovação das Diretrizes
Orçamentárias para elaborar a sua Peça?
Conforme se apresenta o Projeto de Lei de
Diretrizes Orçamentárias, e se o mantivermos sem ajustes, não estaremos abrindo
mão de nossa autonomia? Seremos um Poder ou seremos apenas um dos programas do
Governo Fogaça, num jogo de faz-de-conta de leis orçamentárias?Trago esses
questionamentos a todos os colegas Vereadores e Vereadoras, porque é exatamente
dessa forma que o Legislativo Municipal está sendo tratado pelo Executivo
Municipal!
Se nós quisermos fazer alguma emenda, que o
façamos através de programas, subprogramas da Câmara de Vereadores e não
emendando a Lei de Diretrizes Orçamentárias no seu âmbito total! Que possamos,
inclusive, questionar o trâmite administrativo e a construção, por meio da
democracia participativa. Por que através da democracia participativa? Nós
recebemos aqui a ata do Conselho do Orçamento Participativo e aqui também há um
site que está na imprensa dizendo que o Executivo Municipal enviou para
esta Casa, também, uma LDO diferente daquela que foi acordada e discutida
dentro do Conselho Participativo, um dos princípios da sustentação da
democracia participativa da nossa Cidade, da nossa Capital, uma construção
feita ao longo dos anos, que não podemos deslizar e deixar que seja
desconstituída.
Portanto, os colegas Vereadores e Vereadores
aceitam essa lógica com que o Executivo está tratando esta Casa, de ser um
apêndice do Poder Executivo? Ou nós assumimos o respeito que deveremos ter na
autonomia do Legislativo e não aceitamos essa lógica constituída, dizendo que o
Executivo está nos tratando e dizendo que poderemos fazer emendas, mas como um
subprograma à parte, que é o subprograma da Câmara Municipal, conforme está
dito no art. 6º e também no art. 20 da LDO, Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Portanto os Vereadores da base do Governo, aqui
presentes, neste momento, façam a discussão conosco, pois estamos vindo, aqui,
com elementos, com razões, com estudos sérios e concretos, uma vez que, da
forma como estão sendo enviados a Lei de Diretrizes Orçamentárias e o Plano
Plurianual à Câmara de Vereadores, está sendo rasgada a doutrina hierárquica
das leis orçamentárias. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Para não restar nenhuma dúvida a nenhum dos
Vereadores desta Casa, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, as alterações no
Plano Plurianual, que serão votadas neste mês, vão obedecer àquilo que é ditado
pela Constituição Federal. Nem esta Casa, e, na verdade, nem outra autoridade
vão dizer as formas como nós vamos votar ou proceder para analisar as leis
orçamentárias ou os projetos que são submetidos a esta Casa. Há uma
Constituição Federal, que eu acredito que todos conheçam, que rege exatamente
aquilo que nós devemos fazer para votar os projetos e as emendas que advirão.
Então, eu acredito que nenhum Vereador precisará ficar assustado, porque este
Vereador vai cuidar de cumprir a Constituição Federal, assim como toda a Casa
sempre o fez.
O Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. CLAUDIO
SEBENELO:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em especial, Ver. Comassetto, que faz uma
discussão sobre a questão hierárquica do Orçamento. O Plurianual correspondente
a quatro anos de Governo. Este Orçamento norteia toda a questão
econômico-financeira do Governo, a chamada Lei de Diretrizes Orçamentárias,
onde se dá a diretriz do Orçamento, e o Orçamento Anual, que rege a LDO.
Primeiro eu faço um desafio ao Ver. Comassetto:
em qual item – qualquer - da Carta Magna está escrito que não se pode
aperfeiçoar o Orçamento Plurianual? Em segundo lugar, eu gostaria de levantar
algumas premissas. A primeira delas é que, no momento em que se encerraram 16
anos de hegemonia do Partido dos Trabalhadores e cujo mérito da matéria não
cabe aqui ser analisado, entrou um outro Governo com uma outra estratégia. E
reconhecendo os arcaísmos a que seria submetido, o envelhecimento de todas as estruturas
da Prefeitura, e reconhecendo as dificuldades que uma nova política teria ao
ser incrementada com base nas estruturas de Secretarias, o Governo mudou para
uma outra estrutura muito mais potente, muito mais ágil, chamada governo por
programas. Não há mais a prioridade das Secretarias no Orçamento, mas o
programa vai ser privilegiado. Então, constituíram-se, nesses últimos anos,
especialmente neste ano e nesta metade de outro ano, 21 programas. E esses 21
programas têm prioridades, têm privilégios, têm hegemonia sobre a estrutura
antiga de distribuição de verbas, que era por Secretarias. E um Plano
Plurianual, por englobar todo um mandato, toda uma Legislatura, passa por um
planejamento; a seguir, por uma execução e por fim, à fiscalização dessa execução, para se chegar no momento do aperfeiçoamento. E esse
momento de aperfeiçoamento é agora - quando os programas passam ao andar
superior da antiga estrutura do Governo anterior, que também teve as suas
características, que também teve os seus métodos. Temos como exemplo o
Orçamento Participativo, que sempre agiu na clandestinidade, que nunca se
transformou em lei e quando tentou se transformar em lei, por um Projeto do
Ver. Isaac Ainhorn, foi bombardeado de todas as formas, porque iria ser legal.
Mas quando se faz um Projeto através de programas -
aquilo que se fazia com o Orçamento Participativo agora não pode ser feito aqui
- com uma nova estratégia, como um novo programa, pode, sim! Por que não?
Porque, na verdade, não desaparecem as hierarquias dos Orçamentos, das visões
orçamentárias desta Casa e do Executivo, não desaparecem as Secretarias, mas há
o predomínio dos programas, e essa foi a estratégia de se trabalhar na
Prefeitura Municipal a partir do primeiro dia de Governo do Sr. José Fogaça. É
completamente diferente daqueles métodos anteriores, e querer interromper essa
estratégia é querer alterar o método instalado. Só se tem direito a alterar o
método instalado se, no fim de uma eleição, o Partido for hegemônico. No
momento em que ele não é, ele tem que se submeter a essa metodologia, como toda
a Cidade se submeteu ao Orçamento Participativo, que nem lei era e gastava uma
importante soma do Orçamento sem aparecer no Orçamento, e isso podia! Agora,
feito às claras, abertamente, abrindo todos os livros, abrindo todas as
intenções, abrindo o coração para a Cidade, o Governo vai encontrar uma
oposição forte em relação a uma estratégia que não é desonesta, que não é
antijurídica, que não é, absolutamente, nada mais do que uma forma de enfrentar
os programas, passando por cima de óbices imensos, entre eles a esclerose de um
sistema vetusto e que não comporta mais a compatibilidade entre as necessidades
e as demandas da Cidade com as velhas estruturas, sejam elas na área da
Economia, sejam elas na área Social, sejam elas na Prestação de Serviços. E
isso não pode ser contestado dessa forma, sob pena de a própria contestação
desaparecer ao sabor de uma metodologia que já se foi.
E fiz esse desafio ao Ver. Comassetto - e o faço
fraternalmente - em relação ao processo e à lei que diga que a hierarquia dos
processos orçamentários é ferida quando se analisam novamente o Plano
Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei do Orçamento, que são uma
outra peça. A LDO, como diz bem a sua denominação, é uma diretriz, ela pode ser
alterada; alterada a direção do Orçamento pelo Plurianual. E, muitas vezes, por
que não mudar o Plurianual, para o seu aperfeiçoamento, depois de executado e
fiscalizado? Por que essa rigidez, se nem a Lei é tão rígida assim?
Acho que nós temos que pensar novamente essa
questão orçamentária, voltada para os métodos administrativos e para as
questões ideológicas, em que há, inclusive neste Governo, a nobreza da
participação no Orçamento Participativo, a manutenção do Orçamento Participativo
e principalmente a participação direta da população como um método que foi
agregado, sim, e que mostrou a boa vontade e, especialmente, mostrou a
submissão à Lei Maior, que vem, no dia da eleição, da vontade de todo o povo da
cidade de Porto Alegre.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para
discutir a Pauta Especial. (Ausente.) O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sras Vereadoras e Srs.
Vereadores, 5ª Sessão de Pauta Especial; é difícil, ao longo de cinco Sessões,
discutir a mesma coisa, e nós ainda temos uma 6ª Sessão na quarta-feira - a
última. E nessa última Sessão, o povo porto-alegrense ainda pode fazer emendas
através de três entidades ou 300 eleitores. Mas, nessas cinco Sessões, não teve
nenhum dia em que não houvesse um Vereador que fosse à tribuna para reclamar
que o Prefeito tenha encaminhado um Projeto alterando o Plano Plurianual. O
Prefeito exerceu um direito que a Câmara lhe outorgou. Está na Lei do Plano
Plurianual que o Prefeito, por Lei, poderá fazer alterações ao Plano
Plurianual. Então, nós não temos que estar discutindo isso aqui! Agora, o que
eu entendo é que o Plano Plurianual é uma coisa, mas uma emenda ao Plano
Plurianual não tinha que ter seis Sessões para ser debatida, e cada vez nós
dizemos a mesma coisa, porque, na verdade, nós vamos votar primeiro a alteração
do Plano Plurianual, porque é o lógico, é o simples! E é tão difícil construir
o simples que ninguém mudou o “Parabéns a Você”!
O Sr. Carlos
Comassetto: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Muito obrigado, Ver. João
Antonio Dib, e eu continuarei no debate de amanhã, trazendo outros
questionamentos, até porque a base do Governo não me respondeu nenhum dos
questionamentos que eu fiz aqui sobre o conteúdo técnico e político, entre eles
o que acabei de trazer aqui para o Plenário: que o Executivo não está
respeitando o Legislativo na forma constitucional, de como deve apresentar as
emendas, e, sim, tratando-o como um subprograma! Nós não poderemos aceitar essa
jogada. Esse é um questionamento político, e não obtivemos resposta até agora.
Queremos continuar o debate. Obrigado.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Vereador, V. Exª falou em independência de Poderes, mas
esqueceu que no mesmo artigo que fala em independência de poderes e também fala
em harmonia de poderes. O Executivo não está dizendo que não atenderá emendas
aprovadas neste Plenário. De repente, nós fazemos muitas emendas, 300 emendas,
mais do que 300 emendas, e, na hora, nós negociamos aqui entre Bancadas do
Governo e da oposição, e essas 300 emendas se transformam em 20 ou 30 emendas,
mas que às vezes não estão bem colocadas. Então, elas vão ser aprovadas, se aprovadas
pelo Prefeito, que pode vetá-las, é um direito dele, e ele coloca num
subprograma, porque nem sempre nós colocamos bem, dentro dos programas.
Mas o Ver. Carlos Todeschini iniciou falando
sobre o problema de assistência social, e ele poderia estar, Sr. Presidente, já
que alguns Vereadores reclamaram, falando no Programa Bem-Me-Quer, que cuida da
assistência aos moradores de rua. Agora, eu tenho todas as restrições do mundo
quando dizem: os Direitos Humanos! Não existe direito humano sem que haja um dever
humano; alguém tem que assegurar aquele direito, mas os direitos humanos também
devem ser bem olhados. Os cidadãos porto-alegrenses têm o direito de olhar a
sua praça bem cuidada e não ver a praça transformada em habitação para pessoas
desocupadas. Não quero saber por que razão elas estão desocupadas, mas, se eu
pesquisar as razões, eu diria que o Governo Federal esqueceu de dar empregos
para os brasileiros, esqueceu de dar trabalho, e este é um dever humano:
assegurar condições de habitação, de saúde, de educação. O jornalista David
Coimbra, num artigo recentemente escrito no jornal Zero Hora, disse que tem
muita gente culpada pelas crianças que estão nas sinaleiras, e ele tem razão.
Nós temos que buscar os culpados, porque são esses que não exercem os deveres
humanos, e nós ficamos reclamando dos direitos humanos e, às vezes, não
cumprimos os nossos deveres. Queremos entender bem a Lei de Diretrizes
Orçamentárias, entender bem o Plano Plurianual, buscar uma solução da melhor
maneira possível para o Orçamento para o ano que se aproxima, e de repente não
cumprimos com os nossos deveres. Agora, não podemos esquecer que os jornais
noticiaram que a Praça Garibaldi estava entregue “às moscas”, que ninguém
cuidava dela, que as necessidades fisiológicas eram feitas na Praça, que o mau
odor era uma coisa terrível. Mas será que os outros moradores da Cidade não têm
direito a uma praça bem cuidada? Têm! Agora, não se deve fazer violência, é
claro; eu não vou admitir que se faça violência contra alguém que já está infeliz
por morar na praça. Ou talvez até ele seja mais feliz do que nós que estamos
morando nas nossas casas, nos nossos apartamentos; talvez ele tenha muito menos problemas do que nós, porque as suas
ambições são menores do que as nossas. Mas alguém deve cumprir o seu dever, e
esse dever tem que ser cumprido às vezes em uma situação aparentemente
desagradável, porque o meu direito vai até onde inicia o direito do outro, mas
também o direito dele vai até onde começa o meu! Eu quero uma praça limpa, eu
quero uma praça cuidada; então, eu preciso dar para aquelas pessoas emprego, eu
preciso dar trabalho, renda, para que elas tenham educação, para que elas
tenham saúde, para que elas tenham habitação e não precisem morar na praça.
A Srª Margarete
Moraes: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada. O morador de rua é
uma pessoa, é um ser humano, e os Direitos Humanos assim o enxerga. Se existe
um dever que falhou, é o dever da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o nosso
Executivo, que não oferece alternativas dignas a esses mendigos. Agora, não é
direito de ninguém mandar bater e retirar essas pessoas - que são umas
infelizes - com violência e ainda roubando os seus pertences. É essa a posição
da CEDECONDH, pelo menos de quatro Vereadores: Todeschini, Maria Celeste, Raul
Carrion e eu. Em nome desses eu posso falar. E a Prefeitura está devendo uma
explicação para a cidade de Porto Alegre. Foi isso que o Ver. Todeschini
pretendeu sintetizar na sua fala. Muito obrigado por me conceder aparte.
O SR. JOÃO
ANTONIO DIB: Eu é que agradeço o aparte de V. Exª e poderia lhe
perguntar: a falha da Prefeitura foi ontem ou é de hoje? Foi na Administração
passada ou é nesta? Ou é nas duas? Então, eu não estou atribuindo a falha à
Prefeitura.
Em maio de 1948 foi escrita a Carta Americana
dos Direitos e Deveres do Homem. Dezessete países americanos, na Organização
dos Estados Americanos, assinaram essa Carta. Ali estavam os direitos e os
deveres. Essa não foi publicada no mundo, só a Carta Universal dos Direitos Humanos.
Só que ninguém me diz quem é que assegura aquele direito. Então, eu não estou
culpando a Prefeitura, nem esta nem a anterior, eu estou dizendo que aquelas
criaturas humanas não deveriam receber violência de forma nenhuma - eu já havia
dito isso, estou repetindo agora -, mas aquelas criaturas humanas deveriam ter
direito à educação, saúde, habitação, e isso se consegue com renda, com
trabalho, com emprego; sem isso, não há como ter esses fatores! Eu não tenho o
mínimo de preocupação de ser desrespeitoso com as criaturas que aparentemente
são infelizes! Eu gostaria que todos vivessem bem, que todos se alimentassem
bem, que todos não sentissem frio, que todos tivessem acesso à Educação, que
todos tivessem Saúde! Mas, para isso, muita gente tem de cumprir o seu dever –
parece que essas pessoas esquecem que têm de cumpri-lo!
A Srª Maria Celeste: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) O que nos estarrece, quando discutimos a
Lei Orçamentária do Município, as diretrizes, é que, após uma reunião da
Comissão de Direitos Humanos, com a presença, inclusive, do Secretário do Meio
Ambiente e representações das demais Secretarias, propôs-se, inclusive, um
acordo, na forma como está sendo feita essa questão, digamos assim,
higienização das praças na cidade de Porto Alegre. Estamos estarrecidos, porque
não houve nenhuma complementação de diretrizes no sentido de potencializar a
saída dos moradores de rua, com projetos alternativos, inclusive com o aumento
de número de habitações para esse público, na cidade de Porto Alegre. E estamos
mais estarrecidos ainda com a ação que aconteceu na sexta-feira, com certeza
sem a observância do Prefeito Municipal. Eu tenho a mais absoluta certeza de
que o Gabinete do Prefeito não concorda com o que está sendo feito pela Secretaria
Municipal do Meio Ambiente. Essas são, inclusive, palavras dos Assessores da
Secretaria de Direitos Humanos que estiveram presentes nessa reunião. Obrigado,
Ver. João Antonio Dib.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Claro que,
nobre Verª Celeste, V. Exª leu nos jornais a reclamação da população, que tem o
direito de ver a Praça urbanizada e limpa! Mas, talvez, a culpa esteja naquele
homem que prometeu 10 milhões de empregos – e ele não resolveria o problema do
País com 10 milhões de empregos, pois todos os anos entram 4 milhões de jovens
no mercado de trabalho, e não há emprego! Enquanto não houver emprego, enquanto
não houver pessoas cumprindo com os seus deveres, não se pensará em respeitar
direitos! Só os mais fortes têm os seus direitos respeitados, porque os fracos
não encontram pessoas que cumpram o seu dever de resolver o problema deles, de
ajudar a resolver o problema deles! Esses não existem, nós só temos gente que
cuida de direitos! Escrevem na Constituição um salário mínimo que assegura vida
boa para uma família de quatro pessoas, com casa, comida, roupa lavada, escola,
férias na praia e dinheiro na poupança. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Obrigado, Ver.
João Antonio Dib.
O Ver. Ervino Besson está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. ERVINO BESSON: Sr.
Presidente, Ver. Luiz Braz; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16, da
TVCâmara, eu queria saudar todos.
Recebemos
a LDO nesta Casa para que nós, 36 Vereadores e Vereadoras, possamos, sim,
discutir a Lei Orçamentária de uma forma bastante tranqüila, bastante clara.
É o primeiro mandato do meu estimado colega Ver.
Comassetto. É bom que ele consulte os seus colegas sobre a época do Prefeito
anterior - cujo Partido ficou 16 anos no Governo - a respeito de quando
mandavam o Orçamento e a LDO. Isso está nos Anais da Câmara Municipal. Eu -
pelo menos no meu período de três mandatos nesta Casa, completando os três
mandatos com este - não me recordo de que Partidos de oposição viessem a esta
tribuna e criticassem a forma e o procedimento do Governo Municipal. E o que se
vê aqui, agora, são só reclamações! Só reclamações. Eu quero alertar o Ver.
Comassetto de que nós temos o direito de entrar com emendas aqui. A Lei está
aqui, a LDO está aqui, a Lei Orçamentária vamos receber nos próximos dias, e
nós temos todo o direito de entrar com emendas. Aí o Plenário vai discutir a
emenda; se ela for ao encontro do que é bom para a Cidade, vamos aprová-la.
E mais, eu quero dizer ao Ver. Comassetto, meu
colega, que o André Passos, que era o representante direto do Prefeito
Municipal, fazia praticamente, no período de discussão e votação das Emendas,
um plantão aqui nesta Casa! Um plantão! Não acontecia isso só durante dois ou
três ou dias! Praticamente, durante todo esse período da votação e discussão
das Emendas, o André Passos estava aqui representando o Governo Municipal. A
Verª Maria Celeste confirma isso. Havia ampla discussão, aberta, clara, democrática,
e o Ver. Comassetto agora só faz críticas e mais críticas em cima do Governo!
Mas, se nós temos o direito de examinar o Orçamento e apresentar as Emendas...
Ora, senão tiram o nosso direito! Não é, Ver. João Antonio Dib?
A Srª Maria Celeste: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Eu concordo com V. Exª que, por muitas
vezes, o Secretário, na época, André Passos, vinha a esta Casa para conversar,
verificar as Emendas propostas pelos Vereadores. Isso é normal do jogo
político; agora, o que me surpreende é que a Lei que veio para nós, no seu art.
6.º, nos coloca, os Vereadores... E é bom que os Vereadores possam verificar e
ler o que diz o texto (Lê.): “As Emendas aprovadas pelo Poder Legislativo serão
destacadas na Lei Orçamentária Anual, através de subatividades e subprojetos”.
Nós, então, a Câmara Municipal, os Vereadores desta Casa, teremos que nos
submeter ao jogo do Executivo e estaremos não mais tendo a independência dos
Poderes, produzindo emendas - como se fazia em tempos antigos, na outra
Administração - e estaremos simplesmente agregando emendas como subprojetos e
subatividades. Será que nós vamos nos tornar subvereadores também?
O SR. ERVINO BESSON: Verª Maria
Celeste, estava aqui no art. 6.º... Eu não vou repetir a leitura, porque V. Exª
já o leu, trata-se de uma forma mais clara para a gente acompanhar o nosso
trabalho, de Vereadores, no próprio Executivo Municipal! Está mais claro,
Vereadora! Está aqui no art. 6.º! Pelo menos é nessa linha que entendo.
O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Ervino Besson, todos os
Vereadores podem apresentar emendas, desde que respeitem as regras para que as
emendas sejam apresentadas. E, quanto à colocação no subprograma - V. Exª está
dizendo muito bem agora -, se elas foram aprovadas, serão destacadas, e, dentro
dos programas, serão subprogramas, porque, de repente, essa é a melhor maneira
de fazer o controle da execução dessas obras previstas nas Emendas. Cumprimento
Vossa Excelência.
O SR. ERVINO BESSON: Sou grato a
Vossa Excelência. V. Exª veio reforçar a resposta que eu dei para o aparte da
Verª Maria Celeste.
O Sr. Carlos Todeschini: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigado pela concessão do aparte.
Informo-lhe que, na gestão passada, o Secretário André Passos acompanhava todos
os momentos, aqui, da construção das leis. O senhor sabe, presenciou isso...
O SR. ERVINO BESSON: Eu tive muitas
conversas com ele, com a maior tranqüilidade...
O Sr. Carlos Todeschini: ...e havia um
diálogo muito tranqüilo, aqui, na construção. Infelizmente é o que não tem se
verificado do Governo, porque há oito dias o Governo não esteve presente aqui
para tratar, explicar e ajudar a construção da Peça. Obrigado, Vereador.
O SR. ERVINO BESSON: Mas vai chegar
o momento oportuno, Vereador, eu tenho certeza de que o Prefeito mandará alguém
no momento oportuno, Vereador. O Governo Municipal, quando assumiu, tinha de
mudar a sua forma de administrar. Se ele recebeu a Prefeitura com três anos do
Orçamento deficitário, qual a posição do Governo? Ele teria de mudar a sua
estratégia de administrar para que a Prefeitura conseguisse recuperar a
credibilidade de investimento! Ora, se o povo mudou a Administração do Governo
Municipal, mudou-a porque entendeu que tinha de mudar o sistema administrativo
da cidade de Porto Alegre! E o novo Governo, assumindo a Administração, teve de
mudar, porque, com três anos de déficit orçamentário... Ora, o Governo teria de
mudar porque a Prefeitura perderia a sua credibilidade para retomar os
investimentos. Como é que o Governo conseguiu? Mudando o sistema administrativo
para ter um superávit, para poder ter crédito para novos investimentos. Quanto
ao Orçamento Participativo, eu já falei algumas vezes e quero repetir novamente
que, quando o Governo Fogaça assumiu, eu já tinha feito um cálculo, mas eu
tenho lembrança ainda que, se o Governo atual, Ver. João Antonio Dib, atendesse
a tudo aquilo que o Orçamento Participativo aprovou, as obras em Porto Alegre,
a cada três dias, durante o seu período de quatro anos de mandato, a cada três
dias, vejam V. Exas., ele teria de construir uma obra. A cada três dias! Só um
milagre para conseguir atender àquilo que foi discutido e aprovado no Orçamento
Participativo. De tantas obras discutidas e aprovadas pela comunidade, estão,
aí, essas obras atrasadas.
Eu não sou contra o Orçamento Participativo. A
minha resistência é com a forma como são discutidas as prioridades para a
Cidade, porque, depois, o Governo não atende essas prioridades. São mais de 300
obras atrasadas, que foram discutidas e aprovadas pelo Governo anterior, do
Partido dos Trabalhadores.
Portanto, caros colegas Vereadores e Vereadoras,
estamos aqui com a LDO, vamos discuti-la, lê-la atentamente, e abrir amplamente
a discussão neste plenário. Vamos discutir as propostas que, certamente, virão
da comunidade, e nós vamos apresentar as Emendas e discuti-las de forma clara,
transparente e democrática, como sempre foi feito aqui, nesta Casa, por outras
Administrações.
Quero parabenizar o Sr. Prefeito Municipal pela
forma que está agindo, recuperando a credibilidade orçamentária da Prefeitura
Municipal de Porto Alegre. Caso isso não fosse feito, como a Prefeitura
administraria a Cidade?
Parabéns ao Sr. Prefeito e à sua equipe. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para
discutir a Pauta Especial.
O SR. PROFESSOR
GARCIA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, hoje, penúltimo
dia de Pauta Especial, acho interessante o cuidado que estamos tendo, mas
também o cuidado que os Vereadores têm de ter na apresentação de emendas.
Mas quero ressaltar que os Vereadores têm de ter
um cuidado no horário especial, porque muito das
Emendas que dizem que não constam, na realidade já estão inseridas nos diversos
programas, facilitando muito.
Isso até, Ver. João
Antonio Dib, V. Exª que faz parte da nossa Comissão de Economia, Finanças e
Orçamento, faz parte da questão da própria transparência, ou seja, já está
contemplado dentro da própria LDO.
Na semana passada, eu
já falei da forma de alocação de recursos e as prioridades, mas, hoje, eu quero
falar, especificamente, de algumas metas e prioridades.
Na LDO para 2007
estão previstas as seguintes metas e prioridades, citarei algumas: a manutenção
e ampliação de 165 equipes do Programa de Saúde da Família; 1.200.000 exames do
Laboratório Central de Análises Clínicas; 2.000 atendimentos de pessoas com
deficiências na Ação Cadeira Certa; 600 adolescentes atendidos na Ação Agente
Jovem; 531 crianças e adolescentes atendidas nas Ações de Abrigagem de crianças
e adolescentes; 115.000 crianças e adolescentes atendidos na Ação do NASCAs -
Núcleos de Atendimentos à Saúde de Crianças e Adolescentes; 30.000 pessoas
atendidas na Ação de Prevenção às Drogas; 134 cuidadores capacitados na Ação de
Atenção à Saúde nas Creches; 73.000 pontos de iluminação pública na Ação
Conservação da Rede de Iluminação Pública.
O Sr. João Antonio
Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Nobre Vereador, na realidade, eu ouvia com muita atenção os dados que V. Exª
traz ao conhecimento do Plenário, e imagino que esses dados estejam a dizer que
a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias fará com que eles sejam acrescidos em
bastante e significativo número. Eu fico contente.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Está previsto a substituição de 80.000 pontos de
iluminação pública; 2.600 Km de conservação das vias urbanas; a reforma de 54
prédios públicos; realização de 50% do Projeto Orla do Guaíba; 4.466 metros na
Ação Melhoria na Infra-estrutura de Drenagem Urbana; reforma de 35 sanitários
públicos.
Eu estou colocando
algumas coisas específicas, porque, muitas vezes, a gente não tem o olhar
dentro dos programas e isso está contemplado. Por exemplo, a realização de 33%
do Projeto do Sistema de Drenagem Pluvial na Ação Saneamento para Todos;
implantação do prédio para o Centro de Economia Popular da Restinga; 60% de
aumento do número de equipamentos e fiscais treinados na Ação Fiscalização do
Comércio Ilegal.
O Sr. Carlos Comassetto: V. Exª permite
um aparte? (Assentimento do orador.) Estamos lhe ouvindo atentamente. Na
plenária passada, eu trouxe, aqui, e não encontrei nada sobre o Hospital da
Restinga, que é um projeto que nós estamos construindo conjuntamente, e nem a
respeito do Pronto Socorro da Zona Sul, que nós aprovamos no Plano Plurianual.
Muito obrigado.
O SR. PROFESSOR GARCIA: Vereador,
respondo-lhe, primeiro, a respeito do Hospital da Restinga. Por que não tem o
Hospital da Restinga? V. Exª sabe muito bem que o Hospital da Restinga depende
de verbas públicas federais. Então, quando o seu Governo destinar, à obra,
recursos financeiros, automaticamente vai entrar dentro da questão,
especificamente da Restinga. Por que eu digo isso?
O SR. PROFESSOR GARCIA: Vereador, eu
não vou lhe conceder um outro aparte, porque eu tenho cinco minutos para
concluir, mas V. Exª terá oportunidade, na quarta-feira, de falar sobre esse
assunto.
Mas quero ressaltar - e acho até interessante V.
Exª trazer números concretos do Governo Federal - que o Governo Federal tem o
compromisso que V. Exª tem com aquela população da Restinga, que está
ansiosamente aguardando. O Município já destinou a área e o que se espera é
que, o quanto antes, o Governo Federal libere verba para isso.
Na questão do Hospital 24 Horas, estão sendo
disponibilizados recursos, mas não está sendo contemplado, não está sendo
específico que o Hospital 24 Horas – e eu defendo, Vereador, quero dizer isso –
seja lá no Parque Belém. Não há especificamente isso. Agora, V. Exª sabe que
estão destinadas verbas, também, para o Hospital Parque Belém.
Mas eu gostaria de complementar com outras
coisas que estão previstas. Por exemplo, a obra que está mexendo com a Cidade,
para o final do ano que vem, são 1.531 metros de canalização pluvial do Conduto
Forçado da Álvaro Chaves; 2.000 metros de pavimentação na Ação Construção e
Pavimentação de Vias Urbanas, pois, muitas vezes, os Vereadores reclamam que a
Cidade, em um ou outro trecho, está esburacada. Quero colocar que 7. 200 jovens
estão matriculados no ProJovem, vinculado ao Governo Federal. Ontem, inclusive,
o Presidente da República sofreu algumas críticas, porque crianças com uniforme
subiram ao palanque, caracterizando uma propaganda indevida. Mas isso faz parte
também, e eu faço questão de ressaltar porque eu sou daqueles que entende que
um Governo Municipal não consegue realizar sozinho; as Ações têm de ser
integradas com o Governo Estadual e com o Governo Federal, por isso estou
fazendo questão de ressaltar isso. São 60.000 jovens participantes na Ação
Tenda da Juventude; 465 unidades habitacionais; 7.400m de construção e
pavimentação de áreas viárias; 160 mil atendimentos escolares; 700 mulheres -
sendo 300 especificamente para mulheres de etnia negra e indígena - preparadas
para o mercado de trabalho; 4.000 famílias atendidas na Ação Água Certa; 25.000
pessoas atingidas na Ação Livro e Literatura; 500.000 pessoas atingidas na Ação
Nativismo e Manifestações Populares; 400 servidores qualificados através da
Escola de Formação da Guarda Municipal; 22% na qualificação e modernização da
Guarda Municipal; aumento de 25.000 pessoas no processo da realização do
Orçamento Participativo, Ver. Comassetto. Volto a dizer, está previsto para o
ano que vem, a maior participação do Orçamento Participativo até hoje na
história do Município de Porto Alegre.
Queremos
ressaltar, para finalizar, porque o nosso tempo está encerrando, alguns
conceitos importantes em cima disso. O conceito do valor corrente, que
representa os valores das metas fiscais para o exercício orçamentário; o valor
constante equivale aos valores correntes subtraídos, e os resultados primários,
que nós esperamos, mais uma vez, que ao final do ano, possa dar um superávit
primário para que, ao final do próximo ano, novamente Porto Alegre possa
contrair novas dívidas em nível internacional.
Também está prevista a questão da estimativa e
compensação da renúncia e da receita em 2007, e aí nós vamos fazer uma
discussão muito grande na questão da legislação do IPTU. Sobre as alterações do
IPTU, é uma discussão que nós vamos travar aqui, na Casa, e cada vez que se
mexe como assunto do IPTU é uma confusão. Em relação ao ISS, também, algumas
reduções, porque está se prevendo, em determinados setores, diminuir alíquotas
do ISS para aumentar a base e, automaticamente com esse aumento da base,
aumentar a Receita. Então, na realidade, quais são as providências? Consignação
na Lei Orçamentária para 2007, a reserva de contingência de 2% das receitas
líquidas, contingencionamento de dotações orçamentárias e a renegociação de
despesas compulsórias provenientes de despesas decorrentes de contratos,
convênios e acordos.
Sr. Presidente, nós teríamos ainda outras coisas
para falar em relação à LDO, mas como está terminando o nosso tempo, na próxima
quarta-feira vamos trazer mais dados, porque entendemos que é muito rica esta
discussão sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias aqui na Casa. Obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Está encerrada
a Pauta Especial.
O SR. JOÃO BOSCO VAZ (Requerimento): Sr. Presidente,
solicito verificação de quórum.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): (Após
fechamento do painel eletrônico.) Há quórum.
Passamos à
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
N. 4142/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 183/06, de autoria do Ver. Bernardino
Vendruscolo, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito de Porto Alegre ao Senhor José Carlos de
Moura.
PROC.
N. 4199/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 185/06, de autoria do Ver. Ervino Besson, que
denomina Rua Joel Gentil da Luz o logradouro não-cadastrado, conhecido como Rua
“D” - Vila Monte Cristo, localizado no Bairro Vila Nova.
PROC.
N. 4271/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 186/06, de autoria do Ver. Elias Vidal, que
institui, no Município de Porto Alegre,
a “Semana do Mutirão de Natal”, a ser realizada, anualmente, na segunda semana
que antecede o Natal, com a finalidade de arrecadar alimentos, roupas e
brinquedos para doação a pessoas carentes, e estabelece a adesão como forma de
participação e organização do evento.
PROC.
N. 4285/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 187/06, de autoria do Ver. Ervino Besson, que
declara de utilidade pública a entidade denominada Devoção de Nossa Senhora dos
Navegantes.
PROC.
N. 4360/06 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N. 033/06, que altera a denominação do bairro
“Centro” para “Centro Histórico”, mantendo os limites instituídos pela Lei n.
4685, de 21 de dezembro de 1979.
2ª SESSÃO
PROC.
N. 3602/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 158/06, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que
estabelece o dia 10 de julho de cada ano como o dia de estímulo à esterilização
responsável de animais domésticos.
PROC.
N. 3603/06 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N. 159/06, de autoria do Ver. Jocelin Azambuja, que altera a redação
do § 1º do art. 1º da Lei n. 7.497, de 21 de setembro de 1994, que estabelece
penalidades aos estabelecimentos comerciais que venderem ou servirem bebidas alcoólicas
a crianças ou adolescentes menores de idade, revertendo 50% do valor da multa
em benefício do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e 50%
em benefício da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga.
PROC.
N. 4331/06 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO N. 007/06, que institui o Conselho Municipal da
Juventude e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Carlos
Comassetto está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente,
Ver. Luiz Braz; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, público que nos
assiste, quero aqui trazer à discussão programas que estão em Pauta. Primeiro,
o Projeto de autoria do Executivo Municipal, que altera a denominação do bairro
Centro para Centro Histórico, mantendo os limites instituídos pela Lei nº 4.685, de 21 de dezembro de 1979.
Vereadores e
Vereadoras, este Projeto está trabalhando com a essência, com a história de
Porto Alegre. Portanto, no momento em que nós discutirmos um Projeto em que
estamos redimensionando os limites dos bairros, nós precisamos fazer com que
esta discussão aconteça com todos os envolvidos, não só regionalmente, não só
na Região Centro de Porto Alegre. Se estamos tratando de redefinir os limites
do Centro Histórico de Porto Alegre, Verª Margarete Moraes - a senhora que
trabalha com o tema da cultura -, temos que fazer a discussão com o segmento
cultural da Cidade para definir qual é o entendimento de Centro
Histórico-Cultural. Este debate, Ver. João Antonio Dib, não foi feito com os
segmentos da sociedade, e, no Centro de Porto Alegre, existe, instituído pela
estrutura do Plano Diretor, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e
Ambiental, que faz toda a discussão de possíveis mudanças ou alterações no
Plano Diretor da cidade de Porto Alegre. Portanto, para construir este Projeto,
sob o ponto de vista do planejamento participativo, este assunto deveria ter
sido discutido com o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental,
prioritariamente com o fórum da Região nº 1, que é a Região Centro de Porto
Alegre.
Este Projeto veio
para a Cidade, até então, num novo modelo, sim, de construir e planejar a
Cidade, ou seja, no modelo tecnocrático, no modelo autocrático e não mais no
modelo democrático-participativo, porque discutir o Centro Histórico de Porto
Alegre envolve, além da população que ali vive, todos os historiadores, os que
trabalham com a cultura, os que trabalham com a cultura arquitetônica, os que
trabalham com a estrutura de reorganização da Cidade, com o sistema de transporte,
porque, no momento em que um centro histórico for definido, um conjunto de
atividades não poderá mais ser desenvolvido ali naquela região, entre elas o
sistema de transporte coletivo, que terá dificuldades de ali se instalar.
Eu pergunto: esta discussão
foi feita previamente com esses setores? Não, não foi feita. É claro que
podemos fazer agora. É verdade, nós podemos fazer, mas a relação não é só
Executivo/Legislativo. Nós queremos que todos os setores se envolvam. E essa
redefinição, não só da Região Centro como em outros bairros, é importante para
o debate da Cidade.
A Srª Clênia
Maranhão: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Vereador, um esclarecimento para V. Exª, talvez o senhor não tenha
lido com muita atenção o Projeto. O Projeto não altera os limites do Centro.
Apenas faz uma adequação à terminologia já existente no PDDUA, que denomina
Centro Histórico o Bairro do Centro. Na verdade, é uma adequação a uma Lei que
esta Casa já aprovou.
O SR. CARLOS
COMASSETTO: Verª Clênia, a senhora está correta na definição.
Mas há o seguinte: o que muda de Centro para Centro Histórico? Muda o conceito,
é esta a discussão que estamos tendo. Um Centro Histórico é um outro
enquadramento urbanístico; um conjunto de atividades que no Centro normal pode
ser desenvolvido, num Centro Histórico não poderá mais ser desenvolvido. Então,
ela se enquadra. É uma questão conceitual. Se nós mudamos uma proposta de um
conceito de uma cidade, temos que discutir com os diretamente envolvidos, que
são os seus moradores.
Portanto, creio que
este é um Projeto que, no momento em que muda o conceito de Centro para Centro
Histórico, está mudando inclusive todos os potenciais de utilização daquela
Região. Portanto, queremos, sim, que o Executivo ouça todos os envolvidos, ouça
a cidade de Porto Alegre para poder construir este Projeto, coisa que, se foi
feita, foi de uma forma insuficiente. Muito obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
(A Verª Margarete
Moraes assume a presidência dos trabalhos.)
A SRA. PRESIDENTA
(Margarete Moraes): O Ver. Carlos
Todeschini está com a palavra para discutir a Pauta. (Pausa.) Desiste. O Ver.
João Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Srª Presidenta, Verª Margarete Moraes; eu tinha
como intuito discutir outros Projetos antes de discutir o Projeto de alteração
na área Central. Mas vou dar seqüência ao debate que o Ver. Comassetto fazia.
Eu conheci o Ver.
Roberto Landell de Moura. Houve um momento em que, no fim da década de 40,
início da década de 50, Belém Novo e Tristeza queriam se emancipar de Porto
Alegre. E o Ver. Landell de Moura não queria. E aí, num debate acirrado, ele
levanta e faz ao orador a seguinte pergunta: “Você deseja morar num bairro de
Porto Alegre ou num bairro de Belém Novo?”. Ele morava na Tristeza. Terminou a
discussão, terminou a emancipação.
Agora, é preciso
entender que o Centro não é bairro! O Centro não é bairro! E as leis que hoje
existem dizem que o Centro é uma área definida num perímetro que se alterou
quando se fez a Av. Loureiro da Silva, que não existia quando a primeira Lei
que definiu bairros chamou a área Central atingida até a Rua Washington Luiz,
mas, hoje, temos a Av. Loureiro da Silva. Então está a Loureiro da Silva. A
segunda Lei apenas alterou.
Agora, na semana
passada os jornais noticiaram, através de cartas de leitores, que é um absurdo
chamar o Centro de bairro. E é um absurdo, porque em toda a história de Porto
Alegre, se nós olhamos os nossos ônibus, eles dizem Bairro-Centro ou
Centro-Bairro. O Centro não é um bairro! Pela Lei vigente não é um bairro.
Agora, hoje, o
Prefeito manda um Projeto de Lei que diz textualmente: “Denomina-se Centro
Histórico..”. Eu achei interessante chamar Centro Histórico, porque realmente a
história de Porto Alegre começa na sua área central, na sua Rua da Praia, na
sua Praça da Alfândega e nas escavações que estão sendo feitas agora para
definir a história da área central. Mas, aí, ele chama o bairro da Cidade.
Centro não é bairro em lugar nenhum do mundo, e as leis anteriores diziam:
“Denomina-se Centro da Cidade de Porto Alegre a zona compreendida pelos
seguintes limites:...”. O Centro não é bairro! Eu farei uma Emenda neste
sentido, dizendo que o Centro não é bairro.
O Ver. Elias Vidal
quer instituir no Município a Semana do Mutirão de Natal. Seria muito
interessante se nós conseguíssemos resolver as dificuldades humanas através de
leis. Eu já faria uma Lei: todos os brasileiros são honrados e dignos. Não
aconteceria o “mensalão”, nem “as sanguessugas”, nem coisa nenhuma. Nós
estaríamos todos bem. Ele faz um Projeto de Lei, ele institui no Município de
Porto Alegre a Semana do Mutirão de Natal. O caput desse artigo diz que
tem por finalidade arrecadar alimentos, roupas e brinquedos para doação a
pessoas carentes, diretamente ou por meio de entidades assistenciais.
Elas podem fazer isso, hoje, sem lei, mas
ele não diz quem é que vai fazer e nem como vai fazer. E, segundo o art. 2º,
fica estabelecida a adesão como forma de participação do evento. Mas quando é
que acontece o evento? Não sei. Mas o outro caso que eu sempre comento, é que
nós temos muitos Vereadores, 36 são muitos. Um dia, eu disse que tinham de ser
21 Vereadores e, agora, estou com a convicção de que tem de ser 11, e que não
podem ser substituídos por um dia, porque um Vereador de um dia apresentou aqui
cinco Projetos de Lei! E nós estamos aqui discutindo cinco Projetos de Lei de
um Vereador de um dia só! Nós pagamos os dois Vereadores nesse dia. E dois dos
Projetos de Lei por ele apresentados – os três primeiros eu já analisei – já
estão contemplados por leis municipais. Basta exercer aquela grande função do
legislador, que, em primeiro lugar, é a de fiscalizar o cumprimento da lei. O
Vereador de um dia esqueceu de exercitar a sua condição de fiscal do
cumprimento da lei. Saúde e PAZ! Muito obrigado.
(Não revisado
pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Carlos
Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CARLOS COMASSETTO: Prezada Verª
Margarete Moraes, colegas Vereadores e Vereadoras, em nome da Bancada do
Partido dos Trabalhadores, quero aqui fazer um debate e trazer afirmações do
nosso Partido sobre dois temas. Primeiro, contestar, aqui da tribuna, a
intervenção feita pelo Ver. Professor Garcia, do PPS, da Bancada do Prefeito
Fogaça, sobre o Hospital Geral da Restinga, afirmando que não sai o Projeto por
falta de verbas do Governo Federal. Quero dizer que esta é uma afirmação falsa
do meu querido colega, Ver. Professor Garcia, porque não depende de nenhum
recurso do Governo Federal para que se efetive o Hospital Geral da Restinga.
(Mostra documento.) O que norteia o Hospital Geral da Restinga é o Convênio e o
Contrato de Metas assinado entre o Município de Porto Alegre, Prefeitura
Municipal, e o Hospital Moinhos de Vento. (Exibe documento.) E nós, aqui nesta
Casa, aprovamos no Plano Plurianual e já destinamos verbas do recurso de 2006 a
450 mil reais gravados como contrapartida do Município. Portanto, o que está
tramitando no Congresso Nacional é o Decreto de filantropia do Hospital, bem
como está tramitando nesta Casa um outro Projeto do Hospital Moinhos de Vento
que não depende do recurso do Governo Federal. Faço esta afirmação para não
colocarem “no colo do Governo Federal” uma ação que é de responsabilidade e
gestão do Executivo Municipal. Contribuiremos? Contribuiremos.
Uma segunda questão que quero trazer aqui hoje
diz respeito ao tema que sacudiu Porto Alegre no final de semana: um
enfrentamento que a Polícia Federal fez com o crime organizado que estendeu um
tentáculo em Porto Alegre com o PCC, o qual estava se estruturando, construindo
um canal para roubar não só o Banrisul - valor previsto em torno de 80 milhões
de reais -, como também a Caixa Econômica Federal. E isso só foi desvendado
graças a uma política do Governo Federal que vem orientando a Polícia Federal
para desbaratar o crime organizado neste País: primeiro, com o desbaratamento
da estrutura dos “sanguessugas”, através de uma ação do Governo Federal
juntamente com a Polícia Federal, e, agora, com a perseguição do PCC, cuja
ramificação chegou em Porto Alegre. Mas a Polícia Federal, por meio de um
excelente trabalho, prendeu, neste final de semana, essa quadrilha.
Mas eu quero trazer, aqui, a discussão para o
debate no âmbito municipal. Todos os jornais dizem, e a própria Polícia Federal
afirma, que os bandidos tinham informações privilegiadas. Quais eram e quais
são as informações privilegiadas? O cadastro do Departamento de Esgotos
Pluviais do DEP - esses são cadastros oficiais do Município de Porto Alegre -,
assim como o da rede de água do DMAE, do Departamento Municipal de Água e
Esgotos do Município de Porto Alegre, assim como informações da Companhia
Estadual de Energia Elétrica e outras. E eu, Verª Margarete Moraes, já faço um
Requerimento, aqui, ao Executivo Municipal, para que nos informe como são
liberados esses cadastros em Porto Alegre, que infelizmente, estavam nas mãos
da bandidagem, ou seja, do PCC. Nós temos de saber sobre essa informação, seja
em que gestão for, seja em que Administração for, porque têm que haver
responsável pela liberação das informações oficiais do Município de Porto
Alegre. Portanto, colegas Vereadores e Vereadoras, este não é um caso menor; há
informações preciosas e sigilosas sobre os cadastros do Departamento Municipal
de Água e Esgoto, sobre as galerias subterrâneas, informações privilegiadas,
que não é qualquer cidadão que consegue. Há também informações estruturais,
sobre as quais o crime organizado fez o mapeamento do subterrâneo. Nós não
podemos aceitar essa lógica. Portanto, faço aqui um Pedido de Informações, em
nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, ao Executivo Municipal, para que
nos indique quais os critérios dessas informações que, infelizmente, estavam em
posse do crime organizado. Muito obrigado, Presidenta Verª Margarete Moraes.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): Obrigada, Ver.
Carlos Comassetto. A Verª Clênia Maranhão está com a palavra para uma
Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Srª Presidenta,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, eu não vou, Ver. Comassetto,
responder leviandades e irresponsabilidades, fundamentalmente, de um Vereador
que foi gestor público. Eu acho que esta Cidade merece respeito e seriedade nos
debates. Eu acho que os oportunismos políticos devem ficar nos palanques e não
no plenário, pela qualificação e pela história que tem esta Casa. Quero, então,
voltar aqui a duas temáticas apresentadas. Primeiro, quero lembrar ao Vereador
que esta Casa aprovou o PDDUA, em que há uma definição constante na lei, que
diz que os bairros que constituem a Região do Centro do Cidade, intitulam-se
Centro Histórico. E os Vereadores têm obrigação de saber disso. Se não sabem
disso, é porque não leram o Plano mais importante desta Cidade, o PDDUA, que
trabalha inclusive, a questão ambiental, a qual V. Exª se referia antes, ou
realmente não têm responsabilidade sobre o seu próprio discurso.
Em segundo lugar, eu queria retomar aqui a essa
importante discussão, que eu acho que já foi aprofundada pelo Ver. Garcia, que
trata da questão das diretrizes orçamentárias da nossa Cidade, lembrando apenas
quatro itens que demonstram a importância do texto da Lei que foi enviado para
esta Casa. Primeiro: a responsabilidade da Prefeitura de Porto Alegre com o
equilíbrio fiscal do nosso Município, buscando a recuperação da nossa
Prefeitura que, infelizmente, quando nós assumimos, fazia três anos que estava
negativa. Portanto inviabilizava a captação de recursos para desenvolvimento da
Cidade, para aplicação em investimentos de desenvolvimento, inclusive na
infra-estrutura e na garantia de programas sociais para a nossa população que
mais precisa. Segundo é a nossa responsabilidade com as finanças públicas, para
que, mantendo-as equilibradas, bem administradas e de maneira transparente, possamos
retomar o desenvolvimento da Cidade, através das parcerias necessárias ao
empoderamento das pessoas e ao recebimento pelas mesmas dos direitos de
cidadania, muitos dos quais perdidos ao longo das últimas décadas. Terceira
questão: a Lei de Diretrizes Orçamentárias, encaminhada a esta Casa, está
refletindo o compromisso político, que é o compromisso deste Governo, expresso
desde o projeto, desde o momento da campanha eleitoral até os dias atuais, que
é a sua reafirmação dos compromissos com o Orçamento Participativo. Por último,
eu queria lembrar que este modelo, esta metodologia usada pela Prefeitura de
Porto Alegre, nesta gestão, moderniza os instrumentos orçamentários.
Adaptam-se, inclusive, às recomendações da ONU, que, avaliando as gestões públicas
dos Municípios, criticava aquela setorialização e aquele isolamento de um
segmento do mesmo Poder, fazendo com que nós, os Vereadores e as Vereadoras,
possamos, com mais transparência, acompanhar os debates e nos colocar como
contribuidores, através das Emendas, para o aprimoramento de cada Projeto.
Porque é explicitado, porque nos permite, não apenas o acompanhamento, nessa
fase dos processos, mas também no decorrer da própria execução, daquilo que é
definido nos programas, nos projetos, nos 21 Projetos que compõem a peça da Lei
de Diretrizes Orçamentárias.
Fundamentalmente, eu acho que é um grande
avanço, porque permite uma maior transparência do processo.
(Não revisado pela oradora.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Srª Presidenta,
Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, há um assunto que eu não gostaria
de discutir sem a presença da Comissão de Justiça. No entanto, faz vários dias
que eu trago o assunto para o Plenário e não consigo discuti-lo.
Eu havia solicitado que fosse analisado o
Decreto do Prefeito sobre a reposição salarial dos servidores municipais. No
Plenário eu não consegui aprovação. Mas como eu sou atento às coisas que faço,
pedi na Comissão de Finanças que os meus Pares, da Comissão de Finanças, me
apoiassem, pedindo que a Comissão de Justiça opinasse sobre a matéria que eu
solicitava.
E, num sucinto Parecer, diz que, no que toca a
este exame, não compete à Comissão de Constituição e Justiça emitir Parecer
sobre atos administrativos do Poder Executivo que repercutem apenas na sua
própria esfera, não produzindo resultados ou afetando o âmbito do Legislativo.
Ledo engano da Comissão de Justiça, a qual eu
havia sugerido que fosse substituída por incompetência.
O art. 57 da Lei Orgânica do Município diz que
(Lê.): “É de competência privativa da Câmara Municipal: VIII – fiscalizar e
controlar diretamente os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração
indireta”. Esta é a Lei Orgânica, é a Constituição do Município. Portanto,
caberia, sim, à Comissão de Justiça dar a sua opinião sobre o Decreto ilegal de
S. Exª, o Prefeito Municipal; tão ilegal que depois ele mandou um Projeto de
Lei, e aí, outra vez ilegal, dando os 2,09% aos servidores, e a Câmara aprovou.
Porque se os 2,09% precisavam de Lei - e eu acho que estava certo -, os 2,54%
também precisavam. Quando é que o Prefeito acertou? Não sei.
Mas o Regimento Interno da Câmara Municipal, no
seu art. 35, diz (Lê.): “São atribuições das Comissões Permanentes, em razão de
matéria de sua competência e das demais Comissões no que lhe for aplicado: Inc.
IX - exercer a fiscalização e o controle dos atos no Poder Executivo, incluídos
os da Administração Indireta”. Está repetindo a Lei Orgânica. E compete à
Comissão de Constituição e Justiça, art. 38, responder a consultas da Mesa de
Comissão ou de Vereador na área de sua competência. E era a competência da
Comissão de Constituição e Justiça dizer se o Decreto era legal ou ilegal. É
tão verdade que era competência da Comissão de Constituição e Justiça que o
Decreto-Lei nº 201, em pleno vigor, diz, no seu art. 4º (Lê.): “São infrações
político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela
Câmara de Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato: Inc.VII –
praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou
omitir-se na sua prática”. E houve, sim, prática contra a expressa disposição
de lei, que era de dar 4,63% aos municipários, ou seja, o IPCA da data-base, de
maio do ano passado, a abril deste ano, que ele terminou dando. Então, houve, e
a Comissão de Constituição e Justiça omitiu-se, negou-se a responder a este
Vereador e à Comissão de Economia, Finanças, Orçamento e do Mercosul, e teve o
apoio de cinco dos seus Vereadores. Não estiveram presentes o Ver. Carlos
Comassetto e o Ver. Nereu D'Avila, mas todos os outros Vereadores presentes
votaram pela omissão da Comissão de Constituição e Justiça, que deveria, sim,
ter votado e ter dito se era legal ou ilegal; se o Ver. João Dib estava errado
ou certo. Mas o certo é que o Prefeito pagou os 4,63% da data-base e vai fazer
em folha especial, agora, o pagamento.
Eu gostaria que a Comissão estivesse aqui. Não
estando, eu não posso levar por mais tempo essa possibilidade de analisar um
assunto de alta relevância, porque a Casa quando reclama da independência dos
Poderes, esquece-se de assuntos de alta relevância como este, e, aí sim, nós
tínhamos que cuidar da independência, apesar da harmonia que deve ter entre os
dois Poderes. Faltou independência para a Câmara Municipal. Saúde e PAZ!
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Claudio
Sebenelo está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Srª Presidenta,
Srs. Vereadores, eu estava lendo há poucos dias um livro da historiadora Sandra
Jatahy Pesavento chamado O Imaginário das Cidades, em que ela analisa, em
grande parte, a cidade de Porto Alegre e as suas origens. Penso que esse é um
debate absolutamente sedutor e competente, especialmente na questão da história
da Cidade, mas também da atualização do processo cultural citadino. A primeira
delas é a chegada dos açorianos, evidentemente que a primeira forma de
localização foi pela Zona Sul da Cidade, ali em Belém Velho, onde temos
resquícios importantes de uma arquitetura açoriana, muito parecida com a
arquitetura do Arquipélago dos Açores, onde o próprio Arquipélago e a reunião
das suas ilhas formam um estado português. Vindo para Porto Alegre - há discussão sobre 40 ou 60 casais açorianos -, uma parte dos casais
açorianos, pelo rio, chega onde seria hoje a Ponta do Gasômetro. Ali então
começa a se erguer esta magnífica Cidade, que teve o seu centro, não
geométrico, muito menos um centro geográfico, mas um centro comercial
exatamente na ponta dessa península que é Porto Alegre, onde os limites eram
estabelecidos inclusive pelo rio, mas também, Verª Maristela, por um muro. A
cidade era cercada por um muro, que tinha um portão próximo a uma praça; por
isso, Praça do Portão. Fora dos limites da Cidade, hospitais, pequenos
vilarejos, que aos poucos foram se desenvolvendo, se integrando, foram fluindo
e formaram esta Cidade fantástica, esta maravilhosa Porto Alegre.
Quando se fala em
Centro, eu também concordo que o Centro não é um bairro. Nas cidades do mundo
inteiro, inclusive nas de origem anglo-saxônica, o downtown, a cidade
baixa é o centro, nós temos o centro não como um bairro, mas quase sempre como
um centro administrativo, como nas cidades planejadas: a zona central é a zona
das administrações. Na Grécia antiga, na polis, de um lado era a ágora,
no outro lado eram as administrações. Não havia o centro; o centro era ocupado
pelas casas. E a gente vê nas culturas dos índios astecas, toltecas e olmecas
exatamente a mesma disposição das cidades gregas. Nós tivemos um centro
comercial, longe de ser um centro geográfico, longe de ser um centro
geométrico, mas, sim, um centro onde, pelo acesso por água, por uma via
fluvial, os negócios eram feitos com muito mais facilidade. E ali então se
instala Porto Alegre, com todas as suas origens, e aos poucos vai se
disseminando, e vai invadindo, derrubando a Mata Atlântica, formando bairros,
formando povoados, formando freguesias, e, por fim, por questões religiosas, ou
por questões culturais, ou por necessidade de espaço, nós estamos hoje com 30%
da Cidade ainda na Zona Rural, e 70% da Cidade ocupada. Mas, indiscutivelmente,
como Capital de Porto Alegre, o Centro, que é administrativo, também passa a
ser um centro histórico. E a avenida histórica que quer se fazer circundando o
Centro, é, indiscutivelmente, do ponto de vista cultural, na minha opinião,
algo muito acertado, muito positivo, e muito voltado a uma realidade e a uma
história consagrada, também pela idéia de um imaginário de uma cidade que dá
àqueles que primeiro chegaram a Porto Alegre, aquilo que hoje é uma realidade.
E nós podemos, por dedução, voltar atrás e ver que esta Cidade tem uma história
magnífica, tem fundadores, tem um povo sensacional e um Centro maravilhoso que
não pode ser jogado às traças, não pode ser tão abandonado pelo Município, como
o foi nesses 16 anos.
(Não revisado pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTA (Margarete Moraes): O Ver. Ervino
Besson está com a palavra para discutir a Pauta.
(O Ver. Luiz Braz reassume
a presidência dos trabalhos.)
O SR. ERVINO BESSON: Meu caro
Presidente Ver. Luiz Braz; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores,
senhoras e senhores que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da
TVCâmara, quero saudar a todos. Quero destacar dois Projetos, um em 1ª Sessão
de Pauta, que é do Ver. Elias Vidal, e o outro em 2ª Sessão de Pauta, do Ver.
Jocelin Azambuja.
O primeiro deles, do Ver. Elias Vidal, eu quero
parabenizá-lo por esse Projeto de Lei que V. Exª apresentou. O que V. Exª quer
com esse Projeto? O Ver. Elias Vidal institui, no Município de Porto Alegre, a
Semana do Mutirão de Natal, a ser realizada, anualmente, na segunda semana que
antecede o Natal, com a finalidade de arrecadar alimentos, roupas e brinquedos
para doação a pessoas carentes e estabelece a adesão como forma de participação
e organização do evento.
Ver.
Elias Vidal, nós tivemos oportunidade, no convite de V. Exª, no ano passado,
juntamente com este Vereador e o Ver. João Carlos Nedel, de verificar o
trabalho que V. Exª presta para as comunidades juntamente com a sua Igreja. Eu
acho que todos nós temos uma crença religiosa e nós devemos respeitar toda
iniciativa de cada cidadão e cada cidadã. Naquele evento, V. Exª demonstrou
toda a sua liderança e o trabalho que presta para a comunidade mais carente.
Fomos inclusive premiados com a indicação de uma entidade para aquelas doações,
parece que foram 30 toneladas de alimentos, V. Exª faz sinal positivo. Vejam,
um grupo de pessoas, um segmento religioso que fez uma grande campanha conseguiu
recolher 30 toneladas de alimentos que foram distribuídos para entidades
carentes e famílias que necessitam de fato. Eles tiveram um Natal com uma mesa
mais farta, com mais alegria. Porque a fome é a coisa mais triste do mundo, e
tenho certeza de que muitas famílias tiveram um Natal abençoado com essa grande
ajuda cuja campanha V. Exª liderou. Quero dizer, meus caros colegas Vereadores,
inclusive para V. Exª e sua equipe, que este Vereador indicou uma entidade para
onde foram 500 quilos de arroz de excelente qualidade, que foi o Educandário
São Benedito, para pessoas excepcionais. Quinhentos quilos de arroz aliviaram o
sofrimento daquelas famílias.
Portanto,
V. Exª apresenta um Projeto dessa grandeza que é mais uma vitória, mais uma
iniciativa de reconhecimento pelo seu trabalho. Sem dúvida nenhuma, V. Exª
dignifica este Parlamento gaúcho. Parabéns, Ver. Elias Vidal.
O outro Projeto é do Ver. Jocelin Azambuja. Mas
eu tenho dúvidas com relação a este Projeto. O que o Jocelin Azambuja quer com
o seu Projeto? Ele apresentou um Projeto que altera a redação do § 1º do art.
1º da Lei nº 7.497, de 21 de setembro de 1994, que estabelece penalidades aos
estabelecimentos comerciais que venderem ou servirem bebidas alcoólicas a
crianças ou adolescentes. Servir bebida alcoólica, tudo bem; agora, vender
bebida alcoólica! Como é que os estabelecimentos comerciais vão ser
penalizados, mais uma vez, se venderem bebida alcoólica? Nós sabemos que muitos
pais, muitas mães, mandam seus filhos menores comprar bebida alcoólica, e se
eles, talvez, muitas vezes, não chegarem em suas casas com aquilo que os pais
mandaram eles comprar, eles apanham do pai e da mãe. Então, vejam que é uma
situação extremamente delicada. E, se isso acontecer, o estabelecimento
comercial vai ser penalizado, mais uma vez, com uma multa. Olha, eu tenho
muitas dúvidas com relação a esse Projeto do Jocelin Azambuja, que já foi
Vereador desta Casa, um brilhante Vereador; eu acho importante abrir essa
discussão aqui no plenário e a gente se aprofundar, mas multar o
estabelecimento que vender bebida alcoólica... Muitas vezes, são
estabelecimentos pequenos em que a pessoa vai lá, e, às vezes, um adolescente,
um menor, não tem identidade, isso vai criar uma confusão! É mais uma confusão
para os nossos pequenos e médios comerciantes. Então, acho que nós vamos ter
que aprofundar essa discussão. Servir bebida alcoólica a menores, tudo bem, aí
eu concordo; agora, vender uma bebida alcoólica, uma bebida quente, em garrafa
fechada? Eu acho que nós temos que aprofundar essa discussão. Eu tenho muitas
dúvidas a respeito desse Projeto do Ver. Jocelin Azambuja. Muito obrigado.
(Não revisado pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Ibsen
Pinheiro está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. IBSEN PINHEIRO: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores, constranjo-me a voltar a esta tribuna para contestar o Ver.
João Antonio Dib, numa insistente colocação que faz a respeito de supostas
obrigações da Comissão de Justiça. Tenho tido muito cuidado, não apenas pelo
respeito que merece o Ver. Dib, como pelo próprio estilo de convivência da vida
pública, de respeito e de lhaneza no trato, embora tenha ouvido do Ver. Dib uma
acusação pesada, como se houvesse, de parte da Comissão de Justiça, omissão a
seus deveres regimentais. Já dei explicações ao Ver. Dib nesta tribuna com o
cuidado de não parecer um mestre-escola, especialmente, porque, se alguém
devesse ensinar alguém, pela história na vida pública, a história dele é mais
longa do que a minha longa vida pública. Mas eu suponho, me permita dizê-lo,
Ver. Dib, que formação jurídica ajuda na discussão de temas jurídicos, e a
falta dela, expõe o intérprete a uma carência, e isto ocorre lamentavelmente
com V. Exª Permita que eu diga a Vossa Excelência.
V.
Exª afirma que a Comissão de Constituição e Justiça omitiu-se do seu dever de
dar parecer, primeiro em uma consulta de Vossa Excelência. Esclareci desta
tribuna que a consulta pessoal de V. Exª, como Vereador, não chegou à Comissão
de Justiça, porque ela dependia do Plenário. Então a crítica fora inteiramente
improcedente. Aí V. Exª providenciou uma consulta de Comissão que dispensa a
aprovação do Plenário, e, conseqüentemente, foi ela encaminhada à Comissão de
Justiça. E a Comissão de Justiça estudou, Ver. Dib a consulta de V. Exª, e
entendeu que a matéria suscitada não é da competência da Comissão de Justiça.
Vou ler a V. Exª, não basta que um fato seja
injurídico ou anti-jurídico para ser da competência da Comissão de Justiça. Vou
ler a V. Exª e peço a atenção (Lê.): “Compete à Comissão de Constituição e
Justiça: a - Examinar e emitir parecer sobre aspecto constitucional, legal e
regimental das proposições.” Não há proposição sobre a matéria. “b - Veto que
tenha por fundamento a inconstitucionalidade”. Não há veto em apreciação. “c -
Licença ou afastamento do Prefeito. Projeto de consolidação.” Não é nenhum dos
quatro casos do item 1. Vejamos agora o item 2, que diz sobre dar parecer sobre
recurso contra a decisão da Presidência. Não há recurso contra a decisão da
Presidência. “Zelar pelo cumprimento da Declaração Universal dos Direitos do
Homem.” Não nos pareceu que tenha sido invocada a violação. “Responder à
consulta da Mesa da Comissão de Vereador na área da sua competência.”
Respondemos a consulta dizendo que a matéria não é área da competência da
Comissão. Por que seria área da competência da Comissão? Por ser um decreto,
digamos, ilegal do Prefeito? Isso não basta para estabelecer a Comissão de
Constituição e Justiça como competente, porque a Comissão de Constituição e
Justiça não é julgadora dos atos do Sr. Prefeito. Para isso existe o Poder
Judiciário. Ela é julgadora, sim, dos atos da Câmara Municipal de Porto Alegre
que se destinem à fiscalização do Prefeito, ou à tramitação de matéria. Aí,
sim.É preciso que haja uma matéria em tramitação. Desculpe, Vereador, se
encontra V. Exª algum ar magistral nisso, mas eu me obrigo a ler para V. Exª o
dispositivo regimental. Vou ler o que V. Exª pode fazer, se quiser obter uma
manifestação da Comissão de Constituição e Justiça. Quero dizer a V. Exª que
tive pudor de fazer aqui esta leitura. Não quis parecer como alguém que
pretenda ensinar V. Exª, mas considere como uma assessoria, ainda que modesta,
de um colega menos experiente que V. Exª, mas não menos dedicado.
Estou lendo a Lei Orgânica do Município (Lê.):
“Art. 57 - É de competência privativa da Câmara Municipal de Porto Alegre:
Inciso IV – zelar pela preservação de sua competência, sustando os atos
normativos do Poder Executivo que exorbitem do Poder regulamentador.”
É competência da Câmara Municipal de Porto
Alegre sustar atos do Poder Executivo que violem a legalidade por exorbitar do
Poder regulamentador. Isso é, se o Prefeito, por decreto, pratica matéria de
competência legislativa, estou exemplificando pacientemente e, se me permite,
didaticamente, pode a Câmara sustar os efeitos desse ato, mas é preciso que
alguém o proponha.
Não é atribuição da Comissão de Constituição e
Justiça propor projeto de decreto legislativo, salvo quando o Prefeito requer
licença para viagem. Aí a Comissão elabora o decreto legislativo.
V. Exª, consultando a quem quisesse, poderia
cogitar de que coubesse esse decreto legislativo. Não me compete dar esse tipo
de orientação a V. Exª Não é minha atribuição orientar o Vereador sobre como
ele deve desempenhar o seu mandato. Isso, sim, seria de uma extrema inconveniência, para dizer o mínimo, se não fosse uma
forma grave de jactância.
Agora, V. Exª me
obriga, Ver. Dib, a dizer-lhe: recorra à Lei Orgânica, providencie um decreto
legislativo, se é que há exorbitância do Poder regulamentador, e, nessa
hipótese, havendo uma matéria em tramitação, a Comissão de Justiça dará
parecer. Não há matéria em tramitação. V. Exª quer a opinião dos Vereadores da
Comissão de Justiça sobre um ato do Prefeito? Não está escrita em lugar nenhum
essa competência!
Então, eu concluo
apenas para reiterar o meu apreço ao Ver. Dib, lamento que eu tenha assumido o
papel antipático de indicar um caminho, mas não me restou outra escolha, senão
esta, Ver. Dib. Recorra à Lei Orgânica, providencie um projeto de decreto
legislativo e V. Exª obterá um parecer, não sobre o ato do Executivo, mas sobre
a proposta de sustação do ato do Executivo por ilegalidade. Proponha e
providencie matéria em tramitação, porque esta é a atribuição da Comissão de
Justiça. Saúde e paz, e, Regimento, Ver. Dib.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. JOÃO ANTONIO
DIB: Não foi dito que a Lei Orgânica diz que “compete à
Câmara Municipal fiscalizar e controlar diretamente os dados do Poder Executivo
incluídos na Administração Indireta”. E devo dizer também que eu tentei o
decreto legislativo e ainda trouxe à colação, mostrei para a Casa que já
aconteceram decretos legislativos, e eu não tive apoio. Então eu resolvi
consultar a Comissão de Justiça e, se houvesse um outro caso, eu acho que seria
diferente. Mas eu fiz as duas coisas, só que a Lei Orgânica é clara: fiscalizar
o Executivo.
O SR. IBSEN PINHEIRO:
O fundamento do mesmo dispositivo regimental que
invocou o Ver. Dib, quero esclarecer mais uma vez a V. Exª que, se ele não
encontrou apoio para tramitação de um ato fiscalizador previsto na Lei
Orgânica, eu posso lamentar que tenha faltado a V. Exª apoio, mas nos atos de
fiscalização da Câmara, não está a Comissão de Justiça o de opinar sobre atos
do Prefeito, salvo se houver matéria em tramitação.
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): Obrigado, Ver. Ibsen. O Ver.
Mario Fraga está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. MARIO FRAGA: Ver. Luiz Braz - agora Presidente desta Casa, neste mês da eleição,
porque o Dr. Goulart solicitou Licença da Presidência -, Srs. Vereadores, Sras
Vereadoras, público que nos assiste pela TVCâmara, nosso amigo DJ Cassiá Gomes,
que está junto conosco, vai ficar um mês. Nós estamos te aguardando ansiosos,
que tu possas ter uma permanência mais longa nesta Casa, Ver. Cassiá
Falo em tempo de
Comunicação de Líder do PDT, Ver. Luiz Braz. Peço desculpas aos nossos colegas
Vereadores e Vereadoras para tratar de um assunto que o Presidente também gosta
muito, que é o futebol de várzea, que o Ver. Luiz Braz tanto pratica nas nossas
regiões, nos bairros de Porto Alegre. A nossa Bancada, Ver. Ervino, tem essa
ligação. Nós temos, na nossa Bancada, o Ver. João Bosco Vaz que tem um programa
há bastante tempo na TV Guaíba, O Encontro do Esporte. Para a minha satisfação,
nós chegamos ao fim da realização da 16ª Copa Paquetá de Futebol Amador, Ver.
Luiz Braz. A final terminou há dois domingos, no Esporte Clube São José, que
empatou, no primeiro tempo, em um a um; a prorrogação ficou zero a zero, e foi
para os pênaltis. E o time que eu estava apoiando, que era o Arsenal da Vila
Cruzeiro, perdeu nos pênaltis. Mas, perdeu para um grande time nosso, aqui de
Porto Alegre, que é a Academia do Morro, uma comunidade que luta pela
sobrevivência, mas, lá, tem um trabalho também árduo da comunidade. Então,
aqui, eu dou os parabéns para a equipe da Academia do Morro, que se sagrou
campeã da 16ª Copa Paquetá de Esporte Amador. Em nome do Lu, que é o
treinador, eu dou os parabéns para a Academia do Morro, e ao Arsenal, que
primeira vez entra na Copa Paquetá, que é uma briga de cachorro grande. Eu dou
os parabéns para o técnico que assumiu agora, pela primeira vez, o Fernando,
conhecido como Fernandinho, Parabéns porque ficou vice-campeão da Copa, e
infelizmente perdeu nos pênaltis, quando o lateral, destaque da seleção da
Paquetá, o Cleverson, errou o pênalti, ou melhor, deu-o nas mãos do goleiro
Mário, nas mãos do goleiro da Academia do Morro, que estava lá no local e
ganhou.
Eu queria, então, destacar essa 16ª Copa Paquetá,
que foi realizada pelas Lojas Paquetá, mas, na coordenação dos trabalhos todos,
um destaque especial para o nosso amigo da várzea, o Rui Larrossa, que vem
coordenando essa Copa há 16 anos, e cada ano que passa, melhora mais. Este ano,
então, não teve uma briga; 128 equipes, não houve uma briga. Não teve equipe
desclassificada; teve, na primeira fase, uma equipe desclassificada por um
lance - casualmente eu estava no jogo - que ficou em dúvida, mas, infelizmente,
uma equipe agrediu o juiz; o juiz revidou, e foi o único incidente grave que
deu nessa Copa Paquetá.
Eu queria então agradecer o Rui, o Rodrigo, a
Paulina, os representantes da Topper,
no Estado, o Léo Oliveira, que trabalha na nossa Casa, que é um dos
coordenadores de marketing da
Paquetá. E gostaria de dizer - para a nossa satisfação, nós, que ajudamos tanto
a várzea, Ver. Luiz Braz, que sabe as dificuldades que as equipes têm - que
essa Copa Paquetá, Ver. Luiz Braz, é muito importante para essas equipes de
futebol de várzea.
Por isso eu peço desculpas aos Vereadores, hoje,
por ter usado esses cinco minutos de Liderança, mas para que o esporte amador,
o esporte amador de Porto Alegre, o esporte de várzea, não morram. E peço ajuda
dos Vereadores desta Casa para que me ajudem. Muito obrigado pela atenção.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Professor Garcia está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. PROFESSOR
GARCIA: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, eu quero agradecer ao
Ver. Elói Guimarães, porque sempre que um Partido solicita o tempo de
Liderança, ele tem a primazia em termos de tempo. Mas quero, então, agradecer a
sua colaboração.
Vou-me deter aqui em dois Projetos que estão
tramitando: o primeiro é relativo à questão do Centro Histórico, essa alteração
que está sendo feita pelo Executivo. Quero parabenizar o Executivo, porque a
grande maioria das capitais do nosso País, hoje, possui, de forma clara e
cristalina, a visão do centro histórico. Eu estava conversando com a Verª
Margarete Moraes, que estava presidindo os trabalhos - e sei do trabalho e
empenho dela como Secretária de Cultura - para que pudéssemos cada vez mais ter
elementos sobre a questão do centro histórico.
Agora estão sendo feitas escavações na Praça da
Alfândega que vão facilitar muito. Mas é importante, sim, que as cidades, que
as capitais tenham essa questão do centro histórico, porque as origens das
cidades se deram nesses locais.
E o segundo Projeto - eu vou fazer uma crítica -
é o que institui o Conselho Municipal da Juventude e dá outras providências. No
início deste ano, foi vetado o nosso Projeto do Conselho Municipal da
Juventude, porque era muito cedo para lançar o Projeto do Conselho Municipal. E
lembro-me que, naquela época, o próprio Secretário Mauro Zacher, que aqui
estava, disse: “Não, está sendo vetado o Projeto, mas vai ser construído um
novo Projeto, com a sociedade como um todo.” Inclusive foi votada uma comissão
especial para tratar do Conselho Municipal da Juventude, e essa Comissão não
foi adiante.
Eu quero dizer - e aqui coloco uma mágoa pessoal
- que, em momento nenhum, este Vereador foi consultado pelo atual Secretário
Mauro Zacher sobre a criação desse Conselho dessa forma. E quero fazer algumas
críticas. Por exemplo, no nosso Projeto, nós entendíamos que o Conselho
Municipal deveria ter a competência para estudar, analisar, elaborar, discutir,
aprovar, propor, enquanto que, no Projeto do Vereador e Secretário Mauro
Zacher, ele limita a indicar, opinar, propor e acompanhar. Ora, o que nós
víamos é um conselho que não tem uma ingerência maior. E nós entendemos que um
conselho tem que ter uma participação, sim, inclusive de ajudar na elaboração
de propostas públicas, porque essa é a grande visão também do Conselho.
Uma outra coisa que nos chama atenção é que nós
propúnhamos um Projeto mais enxuto, com 19 conselheiros. Agora há 33
conselheiros, divididos da seguinte forma: 12 representantes da Administração
Municipal e 21 representantes de entidades civis. Inclusive nós fazemos uma
comparação onde coloco que, no meu Projeto, a composição do Conselho é mais
enxuta e contempla o maior número de setores da juventude, já que o Projeto do
Executivo é muito grande e muito vago quando trata de juventude, porque não
definiu. Vou ler o que previa o nosso Projeto original (Lê.): “O Fórum
Municipal da Juventude indicará os seguintes representantes: Movimento
Estudantil Secundarista; Movimento Estudantil Universitário; Movimento
Afro-Brasileiro; Movimento Hip-Hop; música, religião, escotismo, esqueitistas,
políticas, esportistas, tradicionalismo e clubes de serviços”. Ou seja, cada um
desses segmentos estaria presente. Lastimo que esse Projeto tenha vindo assim.
Faço parte da base do Governo, sim, mas uma coisa aprendi na vida: quando não
compactuo, eu não calo e não aceito, e nós vamos fazer uma longa discussão,
porque este Vereador não concorda com este Projeto da forma como está. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI
GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Luiz Braz; Sras
Vereadoras e Srs. Vereadores, pensamos, salvo melhor juízo, que podemos,
Vereador-Presidente, nos imiscuir no processo eleitoral sem aduzir
particularidades ou expressarmos desejos e posições, mas podemos tratar as
questões em tese, e aí, salvo entendimento diferente, nenhum óbice haverá, Ver.
DJ Cassiá. O que condenamos, e a população também, em fração, pela
responsabilidade que tem, são aqueles processos que se utilizam de expedientes
que relembram e trazem à tona o “cacareco”, por exemplo, para não citar outros
expedientes que depõem contra um dos processos mais
importantes da democracia, que é o processo eleitoral. A eleição é o
instrumento mais rico da democracia, porque é através do voto que o povo
constitui o poder, constitui os governos. Então, quando se configura a opinião
publica a determinados procedimentos, no sentido de rebaixar o papel - vejam, o
papel, a importância do voto e, de resto, a importância da escolha! -, nós
estamos, evidentemente, utilizando espaço que, em última análise, é pago pelo
povo, estamos utilizando espaço que não faz jus ao verdadeiro patamar que hoje
se atinge pelos meios de informação e de comunicação.
Portanto,
aquelas candidaturas que se desviam das finalidades no sentido da defesa dos
interesses maiores, pela postura e pela própria pregação, devem, evidentemente,
na defesa da democracia, ser rejeitadas. Isso aí nós não podemos aduzir a este
ou àquele Partido, a esta ou àquela candidatura, porque aí, sim, infringiríamos
o preceito da Lei, das resoluções do Tribunal Superior Eleitoral, que proíbe
que se faça proselitismo dentro do processo eleitoral.
Por isso, temos
reiterado e, nos comícios, nos encontros pelo Rio Grande, defendido exatamente
esse instrumento magnífico que possui a população, que possui o povo, que é o
voto. Votar é preservar a democracia. Votar é defender a democracia! Não votar
é condenar a democracia, é rejeitar a democracia! Então, é tal o instrumento de
significação que tem o voto, que nós temos que, exatamente, preconizar
permanentemente a sua defesa. E o voto é a nossa arma, é, por assim dizer, o
nosso fuzil de transformação, no bom sentido, evidentemente, pelo que o voto
conduz, pelo que o voto carrega.
Portanto, já se
afigura e está sendo rejeitada toda e qualquer tentativa, mormente nesse meio
poderoso televisivo de candidaturas esdrúxulas, candidaturas que remetem para
tudo, menos para a solução dos problemas. Não temos dúvidas de que a população
rejeitará, haverá de rejeitar, exatamente atitudes dessa natureza, ou seja, que
deponham contra aquilo que a população merece, que é o respeito, até pela
audiência que dá essa história de dizer que o povo não acompanha programa
político. Isso faz parte desse cortejo que quer exatamente não sei o quê; que
não quer, efetivamente, democracia, pelo comportamento que depõe contra a
própria democracia.
Portanto fica aqui,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nosso entendimento de que o debate em torno
da qualificação da eleição, do processo eleitoral, é defensável, do ponto de
vista legal, do ponto de vista do Regimento; não o é, evidentemente, se
adentrarmos à tendência ao favorecimento, ao proselitismo dessa ou daquela
candidatura. Obrigado.
(Não revisado pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE
(Luiz Braz): Obrigado, Ver. Elói Guimarães. O
Ver. Claudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. CLAUDIO SEBENELO: Sr. Presidente,
Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, eu gostaria, em Liderança, de
dizer ao Ver. Carlos Todeschini – pena ele não estar aqui agora – que, há mais
ou menos quatro ou três anos e pouco, nós debatemos a questão sobre a Praça
Daltro Filho, e as questões foram assistidas na Comissão de Direitos Humanos e
Direitos do Consumidor. Analisamos, com a presença de meia dúzia de Secretários
do então Governo João Verle, o problema referente à invasão de marginais na
Praça Garibaldi, onde eles dormiam e faziam todas as suas necessidades. Foi
sugerida uma extraordinária solução: a retirada dos bancos. E os bancos foram
retirados da Praça! Isso foi feito por uma Administração que não podia ser
séria! A Praça continuou invadida, porque retirar os bancos da Praça - como a
velha e conhecida anedota - era “retirar o sofá da sala”! Pois foi exatamente
isso que a Administração fez. E esse mesmo Vereador que faz acusações de que
houve agressão aos marginais... Nós tínhamos os marginais chegando à nossa
Comissão dizendo-se também agredidos. Agredidos pelo nazi-fascismo da mesma
força que eles, na época... Agora, então, começam a achar que são os paladinos
da democracia! Mas, ora, vejam, esse problema de abandono das praças é uma
questão do Estado, é uma questão também do Município, é uma questão também das
Secretarias, mas é uma questão da população, que também abandona as praças, e
elas passam a ser ocupadas por marginais. Essa questão tem de ter um outro tipo
de tratamento, e deve ser analisada através do prisma de um outro tipo de
visão. E eu duvido que o Vereador e ex-Secretário Beto Moesch tenha ordenado
qualquer agressão a essas pessoas. Isso eu já afirmo com toda a antecedência,
sem ouvir o Ver. Beto Moesch! É mentira que ele tenha mandado agredir qualquer
pessoa! Ele não faria isso! Até porque as pessoas ligadas ao meio ambiente têm
uma luta muito grande pelo meio ambiente, e o homem faz parte desse meio
ambiente e, como tal, não pode ser agredido.
Agora, há uma atitude absolutamente errada por
parte dos marginais ocupantes daquele local que precisa ser combatida com
educação, com albergue, com orientação da assistência social, que é o que tem
sido feito agora. Um dos melhores momentos da Fundação de Assistência Social da
Prefeitura, da FASC, está ocorrendo agora, com uma excepcional Diretora, a Drª
Brizabel, que tem um trabalho magnífico nesta área, que é autoridade nesta
área, porque é competente. Sem qualquer tipo de comparação, o que nós vimos na
FASC anterior, em relação aos marginais, às praças, é que as acusações vindas
de todos os lados, na época, eram lamentáveis e gravíssimas. Agora, faltando
poucos dias para a eleição, o Partido dos Trabalhadores busca, na Praça Daltro
Filho, historicamente invadida pelos marginais, um motivo a mais para pedir,
como diria o Ver. Todeschini, mais uma CPI, quando, na verdade, a autoridade
para pedido de CPI está muito longe da Bancada do Partido dos Trabalhadores.
(Não revisado pelo orador.)
O SR.
PRESIDENTE (Luiz Braz): Não existindo mais nenhuma Bancada para se
manifestar, e, visivelmente, não havendo quórum, estão encerrados os trabalhos
da presente Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 17h54min.)
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